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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Quebra da unidade no uso da locução "em vez de"

“Com a certeza da impunidade, em vez de seguirmos as normas como foram propostas, a cultura do famoso jeitinho vem se difundindo e tornou-se louvável.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, ocorre um problema relacionado ao emprego da locução “em vez de”, que indica a troca de uma coisa por outra (Em vez de pinha, comeu maçã).
Para manter a unidade textual, é preciso haver identidade entre os termos correlacionados. Na frase do aluno a unidade se quebra porque “em vez de” correlaciona sujeitos diferentes (“nós”, sujeito de seguirmos; “e a cultura do famoso jeitinho”, sujeito dos verbos “difundir-se” e “tornar-se”).
O leitor espera que na segunda oração o emissor continue falando de “nós”. Ninguém diz, por exemplo, “Em vez de Luís pegar o metrô, Pedro pegou o ônibus”; não há relação entre essas duas ocorrências.

       Eis a frase corrigida: “Com a certeza da impunidade, em vez de seguirmos as normas como foram propostas, vimos difundindo e tornando louvável a cultura do famoso jeitinho.”

domingo, 25 de dezembro de 2016

A regência do verbo "focar"

 “O governo precisa focar nas prioridades da população.” (Redação de aluno)

Na frase acima, o aluno cometeu uma falha de regência. O verbo “focar” é transitivo direto, ou seja, liga-se ao complemento sem o intermédio de preposição. Foca-se “alguma coisa” e não “em alguma coisa”.
Essa confusão se deve, em parte à interferência do substantivo "foco". Como o complemento desse substantivo é preposicionado (mantém-se o foco em alguma coisa), tende-se a estender a preposição ao complemento do verbo.
Portanto, se você escrever que pretende focar “em seus objetivos”, não pode incluir entre eles a aprovação numa prova de português!

Eis a frase corrigida: “O governo precisa focar as prioridades da população.” 

sábado, 10 de dezembro de 2016

Uso inadequado de "aderir" e "cessão"

“Os sábados aderiram sinônimos de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessão desses atos de maneira rápida e efetiva.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima o verbo “aderir” e o substantivo “cessão” estão indevidamente empregados. Problemas semânticos como esses decorrem do desconhecimento do sentido das palavras ou da confusão que às vezes se faz entre parônimos (palavras que se assemelham pelo som).
         
“Aderir” não significa “virar”, “tornar-se”, que cabem no contexto da frase. Da mesma forma, o substantivo correspondente a “cessar” é “cessação”, e não “cessão” (que corresponde ao verbo “ceder”). 

Eis a frase corrigida: “Os sábados tornaram-se sinônimo de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessação desses atos de maneira rápida e efetiva.”

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Refazendo período

“A respeito dos refugiados, a ONU deve pensar numa maneira melhor de absorver a enorme demanda e que mantê-los em seus países e negar abrigo, é praticamente negar suas vidas.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, há quebra de paralelismo. O aluno coordena caoticamente os dois objetos diretos do verbo “pensar”. O primeiro, por meio de um substantivo: “numa melhor maneira”; o segundo, por meio de uma oração (à qual, a propósito, falta a preposição “em”): “e (em) que mantê-los em seus países e negar abrigo é praticamente negar suas vidas”. Além disso, separa por vírgula os sujeitos oracionais da segunda oração objetiva direta.
A melhor maneira de resolver o problema é manter o primeiro objeto direto e substituir “em que” pelo conectivo “pois”, transformando em explicação o que é um forçado e artificial complemento verbal. E por que não ser direto e apresentar logo “a ONU” como sujeito?   

Eis a frase corrigida: “A ONU deve pensar numa maneira melhor de absorver a enorme demanda dos refugiados, pois mantê-los em seus países e negar abrigo é praticamente negar suas vidas.”                                    

sábado, 29 de outubro de 2016

Evite o anacoluto (e prefira a voz ativa)

“Alguns países vizinhos, como: Venezuela. Argentina, Colômbia e Chile, é permitido o uso de drogas.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, o aluno quer dizer que em determinados países se permite o uso de drogas, mas omitiu a preposição “em”. Com isso, deixou a locução “alguns países vizinhos” solta no período; a essa quebra na estruturação sintática, dá-se o nome de anacoluto.
Há duas possibilidades de correção: desfazer o anacoluto, inserindo “em” no início da frase, ou transformar em sujeito “alguns países vizinhos” e passar a oração para a voz ativa. Essa última alternativa é a melhor.

Eis a frase corrigida: “Alguns países vizinhos, como Venezuela, Argentina, Colômbia e Chile, permitem o uso de drogas.”

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sobre o sentido de "acalorados"

“A discussão acerca do casamento entre homossexuais, no Brasil, produz debates acalorados, porém controversos.” Redação de aluno

Na passagem acima há incoerência. O aluno estabelece uma falsa oposição entre os debates serem “acalorados” e “controversos”, quando uma coisa supõe a outra.
Usado metaforicamente, o adjetivo “acalorado” significa “apaixonado”, “animado”. Quando se aplica a um debate, que envolve discussão sobre pontos de vista contrários, esse adjetivo obviamente realça o que há nele de polêmico, controverso.

Eis a frase corrigida: “A discussão acerca do casamento entre homossexuais, no Brasil, produz debates acalorados.”

domingo, 16 de outubro de 2016

A diferença entre "sofisma" e "subterfúgio"

“Quando lhe disseram que devia reformular o trabalho, ele veio com o sofisma de que já se esforçara demais e merecia ser poupado.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima não cabe o uso da palavra “sofisma”. Sofisma, ou paralogismo, é “qualquer argumentação capciosa, concebida com a intenção de induzir em erro” (Houaiss). Significa também “logro”, “embuste”.
Por exemplo: a afirmação de que o indivíduo “fuma por vontade própria” é um sofisma para contestar as campanhas antifumo do Ministério da Saúde. Nela se usa o pretexto da liberdade individual para justificar um prejuízo infligido a si e a outros.
O argumento de que “se esforçara demais” é antes um subterfúgio, ou seja, “uma manobra ou pretexto para evitar dificuldades”. Ele foi apresentado como um estratagema para se fugir a um dever.


 Eis a frase corrigida: “Quando lhe disseram que devia reformular o trabalho, ele veio com o subterfúgio de que já se esforçara demais e merecia ser poupado.”

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Parágrafo com problemas de coerência e coesão

“A legalização das drogas sempre foi um tema polêmico e atual. Protestos a favor e contra essa legalização ocorrem com frequência. Uma vez que muitos acreditam que legalizar diminuiria o tráfico, outros acreditam ser inaceitável devido aos transtornos que a mesma proporciona. Mas afinal qual seria a solução para essa questão tão controversa?” (Redação de aluno)

No parágrafo acima, há problemas de coerência e coesão. Não se pode dizer de algo que “foi atual”; a atualidade supõe o presente, e não o perfeito do indicativo. Pode-se no entanto falar de uma atualidade que se desdobra no tempo, uma espécie de permanência, antepondo ao adjetivo  o advérbio “sempre”.
O problema coesivo é o emprego da locução conjuntiva “uma vez que”. O aluno estabelece uma simultaneidade na qual se opõem duas visões sobre a legalização das drogas. Deveria ter usado o conectivo “enquanto”, “ao mesmo tempo que” ou semelhante.
Na refeitura, deve-se evitar a repetição do verbo acreditar e corrigir o mau emprego de “a mesma”.

Eis o parágrafo corrigido: “A legalização das drogas é um tema polêmico e sempre atual. Protestos a favor e contra ocorrem com frequência. Enquanto uns acreditam que legalizar diminuiria o tráfico, outros acham ser isso inaceitável devido aos transtornos que pode proporcionar. Mas afinal, qual seria a solução para essa questão tão controversa?”

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Ainda sobre o verbo "corroborar"

      “É oportuno observar as estruturas que corroboram com a manutenção do justiçamento, tais como as elevadas taxas de violência nos centros urbanos e a impunidade." (Redação de aluno)
            
          Na passagem acima, há um duplo problema com o uso do verbo “corroborar”. O primeiro é semântico: "corroborar" significa “confirmar”, sentido esse que não cabe no contexto. O segundo é gramatical e diz respeito à regência; “corroborar” é transitivo direto, ou seja, não apresenta complemento regido de preposição.

        Outro problema é o emprego inadequado de “estruturas”; o aluno queria se referir “a razões” (ou “fatores”).


        Eis a frase corrigida: “É oportuno observar as razões que concorrem para a manutenção do justiçamento, tais como as elevadas taxas de violência nos centros urbanos e a impunidade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A diferença entre "obcecado" e "obsessivo"

“Há pessoas obsessivas por trabalho que acabam comprometendo seu bem-estar em troca do sucesso profissional.” (Redação de aluno)

O adjetivo “obsessivo” deriva-se de “obsessão”, que é o apego exagerado a uma ideia ou sentimento. Designa os que têm compulsão para fazer determinada coisa. Os chamados workaholics se enquadram nessa categoria e terminam obcecados pelos ofícios que desempenham (“obcecar” significa tornar cego, privar do discernimento).
Embora “obsessivo” e “obcecado” se relacionem quanto ao sentido, somente o segundo admite complemento. Diz-se que alguém é obsessivo sem apontar o objeto da obsessão; não se é obsessivo por alguma coisa. Com “obcecado” é diferente: pode-se dizer que Fulano é obcecado por esportes, jogos eletrônicos, filmes de ficção científica etc.
Na refeitura, é aconselhável substituir a locução “em troca de” por outra que traduza melhor a presumível vantagem obtida com o sacrifício do bem-estar (“em prol de”, por exemplo).

Eis a frase corrigida: “Há pessoas obcecadas por trabalho que acabam comprometendo seu bem-estar em prol do sucesso profissional.”

domingo, 25 de setembro de 2016

Confusão no emprego de "ambíguo"

    “O adolescente é um ser ambíguo. Numa hora está feliz, noutra está depressivo e solitário.” (Redação de aluno)

     O adjetivo “ambíguo” refere-se a alguém ou algo que admite mais de uma interpretação. Aplica-se por exemplo ao texto literário, que geralmente tem um sentido denotativo (no dicionário) e outro conotativo (no contexto). Ou ao comportamento contraditório de algumas pessoas. Isso é diferente do que ocorre com o adolescente, que tende a manifestar instabilidade, ou seja, oscilação de humor.

     Eis a frase corrigida: “O adolescente é um ser instável. Numa hora está feliz, noutra está depressivo e solitário.”

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O par correlativo "desde... até"

“A legislação para os processos de adoção no Brasil é lenta. Podendo durar anos até a sua conclusão e a aprovação de todo o processo de adoção.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, ocorre falha na chamada coesão sequencial. Um dos efeitos desse processo coesivo é assegurar a correta articulação entre os termos introduzidos por conectivos.  Ela é particularmente importante quando os conectivos constituem pares que se correlacionam (não só... como também, tão tanto... quanto, desde... até etc.).
No fragmento do aluno houve falha na articulação do par “desde... até”, do qual se cortou o primeiro membro (desde). O resultado foi uma acumulação redundante de termos a partir da preposição “até”; mistura-se a ideia de “conclusão” com a de “aprovação de todo o processo” (o que, obviamente, o conclui).
Na refeitura, aproveitamos para corrigir outros problemas, como o uso impróprio do termo “legislação”, o emprego inadequado da preposição “para” e a flexão no gerúndio do verbo “poder”, que fragmenta o período.

Eis a frase corrigida: “A legislação sobre os processos de adoção no Brasil é ineficaz. Devido a isso, eles podem durar anos desde a abertura até a conclusão.”
Outra forma de corrigir é substituir “legislação” por “tramitação”, que se aplica melhor ao contexto: “A tramitação dos processos de adoção no Brasil é lenta. Pode durar anos desde a abertura até a conclusão.”

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Ambiguidade ou sadismo?

“Na cidade francesa de Nice, um homem matou cerca de 80 pessoas atropeladas, deixando a região em estado de pânico.” (Redação de aluno)

Na passagem acima ocorre ambiguidade – ou sadismo. Iniciemos com a segunda possibilidade: é ou não é próprio de um sádico matar 80 pessoas que já foram vítimas de atropelamento?
Evidentemente não foi isso que o aluno quis dizer, o que nos leva à segunda possibilidade. Seu enunciado é ambíguo devido à má ordenação das palavras. O ordenamento errôneo levou-o a apresentar “atropeladas” como um adjunto adnominal e produzir a interpretação descabida (na refeitura, deve-se reduzir “em estado de pânico” a, simplesmente, “em pânico”).

Há duas formas de corrigir a frase: 
1 - “Na cidade francesa de Nice, um homem matou por atropelamento cerca de 80 pessoas, deixando a região em pânico.”
2 - “Na cidade francesa de Nice, um homem atropelou e matou cerca de 80 pessoas, deixando a região em pânico.” (Redação de aluno)


sábado, 27 de agosto de 2016

Confusão no uso de "a priori" e "a posteriori"

“A priori, quando surgiu no século I d. C., essas associações que utilizam o terror e a violência como forma de manifestação eram poucas, mal articuladas e só realizavam ações que atingissem os alvos. A posteriori, com a dispersão pelo mundo desse tipo de manifestação e principalmente com o surgimento e o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas e de comunicação, esses grupos ganharam maior alcance, melhor organização e mais apoio tanto financeiro quanto no contingente individual.” (Redação de aluno)

Entre os problemas do parágrafo acima, está o uso inadequado das expressões “a priori” e “a posteriori”. Elas não devem ser usadas para indicar os dois momentos de uma sequência temporal. “A priori” não se confunde com “de início”. Designa algo que é percebido de modo intuitivo, independentemente da experiência, ou que é dado como um pressuposto. Por exemplo: “Para Rousseau, o ser humano é a priori bom.” “A posteriori”, por vez, traduz um saber que é fundado na experiência ou na observação.
 Há também problemas de pontuação, pois a oração que se segue a “associações” é explicativa e não restritiva (o termo já foi definido pelo pronome demonstrativo “essas”); e de paralelismo, pois os consequentes do par “tanto... quanto” não estão morfossintaticamente harmonizados.

Eis a frase corrigida: “De início, quando surgiu no século I d. C., essas associações, que utilizam o terror e a violência como forma de manifestação, eram poucas, mal articuladas, e só realizavam ações que atingissem os alvos. Depois, com a dispersão pelo mundo desse tipo de manifestação e principalmente com o surgimento e o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas e de comunicação, esses grupos ganharam maior alcance, melhor organização e mais apoio tanto financeiro quanto pessoal.” 

sábado, 20 de agosto de 2016

Mantenha a unidade do período

“Caso a justiça brasileira precise investigar conversas de possíveis terroristas planejando algum atentado, esse crime pode ser bem sucedido devido a privacidade exagerada garantida aos usuários do “Whatsapp”.  

Muitas falhas de coesão resultam da quebra na estruturação do período. É o que ocorre na frase acima, em que o sujeito da oração condicional (a justiça brasileira) não é retomado na oração seguinte. Em vez de retomá-lo, ou de apresentar alguma informação que se relacione com ele, o aluno passa a falar de um novo sujeito (esse crime).

Uma forma de resolver o problema é manter “justiça brasileira” como sujeito das duas orações, fazendo as adaptações necessárias. Aproveite-se para corrigir duas outras falhas: a endorreia representada pelo gerúndio “planejando” com o valor de oração adjetiva e a ausência da indicação de crase antes de “privacidade”. 
  
Eis a frase corrigida: “Caso a justiça brasileira precise investigar conversas de possíveis terroristas que planejem algum atentado, poderá ser malsucedida devido à privacidade exagerada garantida aos usuários do “Whatsapp”.   

sábado, 23 de julho de 2016

Uso inadequado do verbo "estimar"

“Segundo pesquisa, estima-se que cerca de 40% da população global vive hoje sob a situação de estresse hídrico.” (Redação de aluno)
        
Na passagem acima, a presença do verbo “estimar” é inadequada. Ela sugere que a pesquisa foi sobre uma estimativa, e não sobre a situação de estresse hídrico em que determinado percentual de pessoas vive.
         A referência ao percentual indicado pela pesquisa determina a supressão do verbo “estimar”, pois o que era estimativa constitui, com ele, uma quantificação relativamente exata. No primeiro caso deve-se usar o verbo “viver” no subjuntivo, pois se faz referência a uma probabilidade -- o que não acontece no segundo. 
         Há também imprecisão no uso do conectivo “sob”. Vive-se “numa” situação, e não “sob” uma situação.

É possível corrigir a frase de duas formas:
1 - “Segundo pesquisa, cerca de 40% da população global vive hoje na situação de estresse hídrico.”
2 - “Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje na situação de estresse hídrico.” 



terça-feira, 12 de julho de 2016

Só um tolo "corre atrás do prejuízo"

“Para correr atrás do prejuízo, é necessária a valorização dos profissionais e das pessoas que precisam do serviço.” (Redação de aluno)

 “Correr atrás do prejuízo” é uma dessas expressões que, vez por outra, ganham a preferência popular. Está no mesmo nível de “deixar a zona de conforto”, “dar a volta por cima”, “focar seus objetivos” e outras que infestam sobretudo textos de orientação profissional e autoajuda.
O intrigante em “correr atrás do prejuízo” é o seu sentido paradoxal. A expressão designa o oposto do que se pretende, pois “correr atrás” significa “ir no encalço”, “perseguir”. Quem sofre algum tipo de prejuízo, pelo contrário, procura compensá-lo fugindo (e não indo atrás) dele.

Eis frase corrigida: “Para compensar o prejuízo, é necessária a valorização dos profissionais e das pessoas que precisam do serviço.” 

domingo, 3 de julho de 2016

Novo exemplo de tautologia

“As pessoas colocam o trabalho como primeira prioridade na vida.” (Redação de aluno)

Há na passagem acima uma tautologia, ou seja, uma repetição da ideia por meio de palavras diferentes. “Prioridade”, segundo o Houaiss, é a “condição do que está em primeiro lugar em importância, urgência, necessidade, permanência etc.” São ainda exemplos de tautologia expressões como “fatos reais”, “perspectiva futura”, “consenso geral” etc.

É claro que as prioridades podem ter uma hierarquia, um grau de precedência. Nesse caso, para evitar o pleonasmo, o emissor pode se valer de adjetivos (prioridade essencial, mais importante etc.).


domingo, 26 de junho de 2016

Sobre o uso de "seguridade"

“Alegam que a redução da maioridade de 18 para 16 anos irá diminuir a violência, dando maior seguridade para a sociedade.” (Redação de aluno)

O uso de “seguridade” não se recomenda na frase do estudante por mais de uma razão. A primeira é de natureza semântica. Embora “seguridade” seja sinônimo de “segurança”, o uso a popularizou com um sentido bem específico. Significa, conforme está no Houaiss, o “conjunto de ações dos poderes públicos e da sociedade que, integradas, asseguram a saúde, a previdência e a assistência social”.

A segunda razão diz respeito à fonética.  A reiterada terminação em “dade” é cacofônica, não soa bem, e mais ainda por fazer ecoar outro grupo idêntico de fonemas que aparece um pouco atrás (em “maioridade”).

Eis a frase corrigida: “Alegam que a redução da maioridade de 18 para 16 anos irá diminuir a violência, dando maior segurança à sociedade.”

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Redação comentada

                             Mulher: alvo de pensamentos ultrapassados(1)

         A violência contra a mulher, apesar de bastante discutida, ainda é muito frequente na sociedade. O pensamento ultrapassado(2), que não é somente praticado(3) por homens, impede um maior avanço na luta pelo fim dessas agressões. Porém(4), se comparada ao passado, a situação vivida pelas mulheres atuais é muito melhor, mas(4) não é a necessária(3).
        O pensamento ultrapassado de boa parte da população é o maior causador das agressões contra as mulheres. Homens que se consideram superiores e mulheres submissas são os responsáveis pelo elevado número de casos(5) de violência contra a mulher. A existência da Lei Maria da Penha diminuiu o número de casos(5), mas não extinguiu ou se aproximou disso, devido a essas mulheres que se consideram submissas; muitas delas por aceitarem a situação(6) e outras por terem medo do agressor.
   Apesar de ainda existirem agressões verbais, as conquistas femininas diminuíram consideravelmente a frequência desses atos. Mulheres que são julgadas por suas atitudes, como usar roupas curtas ou praticar algum esporte considerado masculino, sofrem agressão verbal. Graças as conquistas do movimento feminista, essas e outras atitudes estão sendo extintas da sociedade, e as mulheres estão chegando cada vez mais próximas de seu objetivo, a igualdade de gênero(7).
       Campanhas publicitárias a respeito da denúncia de agressão à mulher devem ser criadas, para diminuir ainda mais o número de casos não registrados. Expor nelas a necessidade da denúncia e garantir a segurança da mulher é de extrema importância, pois esses(8) são os principais fatores que levam as mulheres a não denunciarem o agressor. Além disso, também é importante mostrar que é necessário que pessoas que presenciem o crime devem fazer a denúncia(9).


                                                COMENTÁRIOS 
           
(1) O título dado pelo aluno, além de mal pontuado, apresenta uma estruturação inadequada. Parece um fragmento de oração. É possível simplificá-lo, preservando a ideia original; por exemplo: “Visão ultrapassada da mulher”.

(2) A expressão “pensamento ultrapassado” é vaga; faltou dizer que pensamento é esse. Levando em conta o contexto, um complemento possível seria: “O pensamento ultrapassado de que é normal bater em mulher” ou “de que a mulher é inferior e pode apanhar”.

(3) Os vocábulos “praticado” e “necessária” devem ser substituídos em nome do rigor semântico. Alternativas possíveis: “partilhado/defendido” e “adequada/suficiente”.

(4) A presença dos conectivos “mas” e “porém” torna ambíguo o ponto de vista do aluno. Não se sabe se ele quer dizer que a situação vivida pelas mulheres atuais é melhor (em relação às do passado) ou se ainda não é a “necessária”. No primeiro caso, a ênfase recai no “porém”; no segundo, recai no “mas”. Como a argumentação e as propostas de intervenção apontam para esta segunda possibilidade, deve-se retirar o “porém”.    

5) Os dois períodos iniciais do segundo parágrafo praticamente repetem informações. É preferível retirar o primeiro período, já que a palavra “casos” (retomada no terceiro período) estabelece a coesão.  

6) Aceitar a situação não é causa de ser submissa. O melhor neste final de parágrafo é destacar a relação de causa e consequência que existe entre o temor ao agressor e a submissão. Por exemplo: “muitas delas, por medo do agressor, aceitam a situação”.

7) No terceiro parágrafo ocorre falha de progressão; repetem-se as referências às agressões verbais e às conquistas do movimento feminista. Reordená-lo é a melhor forma de resolver o problema. Por exemplo:
        “Mulheres que são julgadas por suas atitudes, como usar roupas curtas ou praticar algum esporte considerado masculino, sofrem agressões verbais. Apesar de tais agressões ainda existirem, as conquistas do movimento feminista diminuíram consideravelmente a sua frequência.  Graças a essas conquistas, essas e outras atitudes estão sendo extintas da sociedade, de modo que as mulheres estão chegando cada vez mais próximas de seu objetivo -- igualdade de gênero.”

(8) Esse pronome retoma as ideias de “denúncia” e “garantia da mulher”; não pode, portanto, se referir aos fatores que levam as mulheres a não denunciar quem as agride. Para haver coerência, “esses” deve ser substituído por termos que designem situações que intimidem a mulher. Por exemplo: “...pois a impunidade dos agressores e o temor de serem alvo de novas agressões são os principais fatores que levam as mulheres a não denunciarem o agressor”.  

(9) Neste último período, há redundância semântica com o uso de “ser necessário” e “dever”; ambos indicam necessidade. Pode-se corrigir o problema retirando um dos dois: “Além disso, também é importante mostrar que as pessoas que presenciem o crime devem fazer a denúncia” ou “Além disso, também é importante mostrar que é necessário que pessoas que presenciem o crime façam a denúncia”. 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Uma boa ordem assegura a progressão das ideias

“Apesar de ainda existirem agressões verbais, as conquistas femininas diminuiram consideravelmente a frequência desses atos. Mulheres que são julgadas por suas atitudes, como usar roupas curtas ou praticar algum esporte considerado masculino, sofrem agressão verbal. Graças as conquistas do movimento feminista, o machismo tende a ser extinto da sociedade, e as mulheres estão chegando cada vez mais proximas de seu objetivo, a igualdade de gênero.” (Redação de aluno)

O parágrafo acima apresenta falhas na progressão devido à repetição de termos. O aluno faz referência duas vezes às agressões verbais contra as mulheres às conquistas do feminismo. Informações redundantes, como se sabe, comprometem a estruturação do texto e irritam o leitor.

Muitas vezes o problema ocorre devido a um mau ordenamento das ideias. É justamente o que ocorre no parágrafo acima, que foi mal pensado e, por isso, está mal expresso. Uma forma de resolver o problema é colocá-lo na ordem adequada, retomando os termos repetidos por meio dos elementos coesivos adequados (em negrito na versão refeita).  Ao refazer, corrigem-se também os problemas gramaticais (acentuação, crase e flexão indevida do advérbio “próximo”). Por exemplo:

“Mulheres que são julgadas por suas atitudes, como usar roupas curtas ou praticar algum esporte considerado masculino, sofrem agressões verbais. Apesar de tais agressões ainda existirem, as conquistas do movimento feminista diminuíram consideravelmente a sua frequência. Graças a essas conquistas, o machismo tende a ser extinto da sociedade, e as mulheres estão chegando cada vez mais próximo de seu objetivo -- igualdade de gênero.”

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Problema semântico e de crase

      “A juventude não é passiva e sim desacreditada no que se refere a atual conjuntura político-social do Brasil.” (Redação de aluno)
 
A passagem acima apresenta dois problemas -- um semântico, outro morfológico.
O problema semântico é o uso de “desacreditada”, que tem sentido passivo. “Desacreditado” é alguém em quem não se acredita. Pelo contexto da frase, no entanto, a juventude aparece como agente; ela é que manifesta falta de crença.
O segundo problema é que faltou marcar com o acento grave a crase formada pela locução prepositiva “no que se refere a” e o artigo definido feminino que antecede “conjuntura”.

Eis a frase corrigida: “A juventude não é passiva e sim descrente no que se refere à atual conjuntura político-social do Brasil.”

domingo, 29 de maio de 2016

Passiva indevida com o verbo "refletir(-se)"

“As medidas foram refletidas em ganho para os pobres.” (Redação de aluno)

A frase acima é um exemplo de passivite, termo com que se designa o uso inadequado da voz passiva analítica. Nela ocorreu o apassivamento indevido do verbo “refletir(-se)”, que nesse contexto não admite a conversão para a voz passiva.

        Apenas como transitivo direto esse verbo pode ser apassivado. Confira: “O mar refletia os raios da lua” (voz ativa); ”Os raios da lua eram refletidos pelo mar” (voz passiva analítica); “Refletiam-se os raios da lua” (voz passiva sintética).

        A sentença do aluno apresenta “refletir(-se)” como verbo pronominal. Nesse caso o “se” não é partícula apassivadora, e sim parte integrante do verbo; a construção está na voz ativa.

       Eis a frase corrigida: “As medidas refletiram-se em ganho para os pobres.” 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Ainda o lugar-comum

Os fragmentos abaixo foram retirados de redações:

a) “O homem deve rever seus conceitos e tratar melhor a mulher.”
b) “Nessa altura do campeonato, é uma pena que ainda existam usuários do cigarro mesmo sabendo que ele traz prejuízos.”  
c) “O mundo em que vivemos não é um mar de rosas; o perigo nos espreita em cada esquina.”

         Eles têm em comum o uso de lugares-comuns. Expressões como “rever seus conceitos”, “nessa altura do campeonato” e “mar de rosas” devem ser evitadas, pois revelam pobreza de ideias e indicam um parco repertório vocabular.

Quem produz esses clichês não demonstra uma personalidade, não se revela um autor. O lugar-comum, lembra Alcir Pécora em “Problemas de redação” (Martins Fontes), “é, na verdade, um lugar de ninguém, uma cidade fantasma”.  Deve-se fugir dessa assombração.  

domingo, 1 de maio de 2016

Mantenha a coesão e a clareza

"Além da falta de coerência desse projeto na questão do Estado interferir na forma de educar, ele não esclarece quais serão os critérios usados para associar a punição ao nível de gravidade das palavras.” (Redação de aluno)

         As ideias do período acima estão mal articuladas. Falta ao texto coesão e clareza. A razão disso é que o termo “o projeto” (sobre a interferência do Estado na educação dos filhos) não se correlaciona com o pronome “ele”. Isso determina uma quebra na estrutura. O correto é, desde o início, apresentar “o projeto” como sujeito.

Por exemplo: “Além de o projeto ser incoerente, por permitir que o Estado interfira na educação dos filhos, ele não esclarece quais os critérios para associar a punição ao nível de gravidade das palavras.” 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Redundância na indicação da causa

“O Brasil possui um grande déficit educacional; a causa do problema deve-se, principalmente, à cultura da população e ao pouco incentivo dos governantes.” (Redação de aluno)
 
Na passagem acima ocorre um problema lógico. É redundante afirmar que a “causa” de um problema “deve-se” a alguma coisa, pois ambos os termos indicam o motivo. Se a causa da violência é a desigualdade social, a violência “deve-se” à desigualdade social. O certo é optar por um dos termos. 

Eis a frase corrigida: “O Brasil possui um grande déficit educacional; a causa do problema é a cultura da população e o pouco incentivo dos governantes.”

Ou: “O Brasil possui um grande déficit educacional; o problema deve-se, principalmente, à cultura da população e ao pouco incentivo dos governantes.” 

domingo, 10 de abril de 2016

Um tipo comum de falha coesiva

De acordo com os valores de cada sociedade, esses podem tanto otimizar, quanto deprimir a maneira de viver dos indivíduos.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, ocorre uma falha de coesão. A expressão “valores de cada sociedade” é retomada pelo pronome “esses”, como se constituíssem entidades diferentes. Pelo modo como o período está escrito, os referidos valores podem produzir determinados efeitos de acordo com... eles mesmos, o que não faz sentido.
  
É como se alguém dissesse: “De acordo com a lei, a lei determina que todos os homens sejam iguais”, em vez de simplesmente: “De acordo com a lei, todos os homens são iguais”.
  
Pode-se corrigir a frase do aluno suprimindo o adjunto de conformidade  (De acordo com...) e apresentando “valores” como sujeito. Por exemplo: “Os valores de cada sociedade podem tanto otimizar, quanto deprimir a maneira de viver dos indivíduos.”

domingo, 3 de abril de 2016

Um desafio não "se atinge"

“Esse desafio só será atingido com esforço dos profissionais que atuam na área da educação.” (Redação de aluno)

         Na passagem acima ocorre imprecisão vocabular. Ao se referir ao desafio, o aluno empregou inadequadamente o verbo “atingir”. Um desafio se vence, se supera; não se atinge. Pode-se atingir “uma meta”, ou “um objetivo”.

Eis a frase corrigida: “Esse desafio só será vencido (superado), com esforço dos profissionais que atuam na área da educação.”

domingo, 27 de março de 2016

Evite a duplicidade de sentido

“A população está cada vez mais indignada com os resultados das investigações contra a corrupção da Polícia Federal, que ilustram o grave descaso político e a proporção do problema da corrupção no país.” (Redação de aluno)

Na passagem acima ocorre ambiguidade, ou duplicidade de sentido, devido à má colocação do sintagma “Polícia Federal”. O aluno dá a entender que os policias são os alvos, e não os agentes, das investigações. Além disso, utiliza inadequadamente a preposição “contra”.

Eis a frase corrigida: “A população está cada vez mais indignada com os resultados das investigações da Polícia Federal sobre corrupção, os quais ilustram o grave descaso político e a proporção do problema no país.”

domingo, 20 de março de 2016

Mais uma refeitura de parágrafo

“O Zica vírus representa uma ameaça ainda maior para as gestantes, principalmente no início da gravidez, onde há a má-formação do feto, que pode vir a entrar em contato com o vírus, causando a má-formação cerebral, além de outras complicações que estão sendo investigadas por médicos e pesquisadores que afirmam que o Zica está sofrendo mutações e pode ir além da microcefalia.” (Redação de aluno)  

         No parágrafo acima há problemas de pontuação e estrutura. A ausência de pontos intermediários faz com que ele apareça em um único período, o que leva a uma sequência caótica de informações. Além disso o aluno repete desnecessariamente palavras (má-formação) e comete falhas na coesão e na coerência. No primeiro caso, ao usar “onde”, sugere que o início da gravidez é um lugar e não um momento; no segundo, dá a entender que o feto, e não o vírus, causa a má-formação. Por fim, comete imprecisão vocabular com o uso de “ir além”.
   
 Eis o parágrafo corrigido: “O Zica vírus representa uma ameaça ainda maior para as gestantes, principalmente no início da gravidez. Ele pode entrar em contato com o feto e causar a má-formação cerebral, além de outras complicações que estão sendo investigadas. Médicos e pesquisadores afirmam que o Zica está sofrendo mutações e pode provocar outros danos além da microcefalia.”   

domingo, 13 de março de 2016

Novas falhas lógicas

“O bullying se caracteriza pela prática repetitiva de atos violentos contra um indivíduo; essa violência pode resultar em agressões físicas e/ou psicológicas.” (Redação de aluno)

         Falhas lógicas decorrem, entre outras razões, de raciocínio recorrente, confusão entre causa e consequência ou desconhecimento do uso das palavras. Na passagem acima, parece haver um pouco de tudo isso.

         Ao afirmar que o bullying se caracteriza pela prática de atos violentes, o aluno implicitamente informa que nesse tipo de intimidação estão presentes as agressões físicas e/ou psicológicas. Tais agressões não são resultantes; representam os próprios atos em que consiste o bullying. Se queria enfatizar o resultado, ele deveria ter se referido a algo como “danos”.

Eis a frase corrigida: “O bullying se caracteriza pela prática repetitiva de atos violentos contra um indivíduo; essa violência pode resultar em danos físicos e/ou psicológicos.” 

domingo, 6 de março de 2016

Uso do "cujo"

“Atualmente, o aborto tem sido feito por muitas mães, principalmente por conta da zica, em que um dos sintomas é a microcefalia.” (Redação de aluno)

Na passagem acima há um problema coesivo, representado pelo uso da expressão relacional “em que”. A microcefalia não é um sintoma... nessa doença, mas pertencente a ela. Isso quer dizer que o pronome relativo adequado não é “que”, e sim “cujo”.

Eis a frase corrigida: “Atualmente, o aborto tem sido feito por muitas mães, principalmente por conta da zica, um de cujos sintomas é a microcefalia.” 

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Três problemas gramaticais

“Deveria-se acreditar na importância da opinião própria e não se deixar influenciar. A vida das pessoas não poderiam ser interferidas pelo desejo da aprovação dos outros.” (Redação de aluno)

Na passagem acima há três problemas gramaticais. O primeiro é o emprego da ênclise em verbo no futuro do pretérito (deveria-se). Nesse tempo, usa-se o pronome no meio da forma verbal (mesóclise). Alguns, tendo em vista o abandono da mesóclise hoje em dia, preferem mesmo usar a próclise (se deveria) -- mas isso não é aconselhável num texto formal. 

O segundo problema é a flexão no plural do verbo “poder”; esse verbo deveria estar no singular, concordando com o núcleo do sujeito “vida”. Escrevi “deveria” porque a construção apresentada pelo aluno é gramaticalmente impossível (eis o terceiro problema). O verbo “interferir”, por pedir complemento regido de preposição (no caso, “em”), não permite a formação da voz passiva. Sendo assim, o sujeito é “o desejo da aprovação dos outros”, e “a vida das pessoas” aparece como objeto indireto.

         Eis a frase corrigida: “Dever-se-ia acreditar na importância da opinião própria e não se deixar influenciar. O desejo da aprovação dos outros não poderia interferir na vida das pessoas.”

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Observe a coesão sequencial

“Enquanto, na mídia, essas pessoas arrastam multidões e vendem produtos para grandes marcas, depois de um tempo ninguém se lembrará do cantor que bombou alguns carnavais antes ou quem eram os participantes do último reality show.” (Redação de aluno)

Na passagem acima há uma falha na coesão sequencial devido à falta de correlação entre os pares “enquanto” e “depois de um tempo”. A conjunção “enquanto” introduz um fato simultâneo a outro, em frases do tipo “Enquanto ela dorme, eu trabalho”.  Já a expressão adverbial “depois de um tempo” indica uma ocorrência que sucede a outra. Há também no período problemas de regência e pontuação.

      Eis a frase corrigida: “De início, na mídia, essas pessoas arrastam multidões e vendem produtos para grandes marcas; depois de um tempo, ninguém se lembrará do cantor que bombou alguns carnavais antes ou de quais eram os participantes do último reality show.”

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Não fragmente o período

“Para aqueles subordinados ao humor alheio. É sempre bom andar e conviver com indivíduos de bom caráter.” (Redação de aluno)

O período é uma unidade de sentido completo e não pode ser fragmentado. O aluno esqueceu essa lição ao colocar um ponto após a palavra “alheio”. Com isso, separou o objeto indireto das orações que vêm a seguir. Como esse objeto está antecipado, deve ser separado por vírgula.


Eis a frase corrigida: “Para aqueles subordinados ao humor alheio, é sempre bom andar e conviver com indivíduos de bom caráter.”

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Novo Cadernão sobre o Enem


Chico Viana distribuirá este ano com seus alunos um novo Cadernão.
Trata-se de um material específico sobre a redação do Enem, no qual o professor explica as cinco competências requeridas para redigir bem no exame; comenta redações que obtiveram nota 1000, a fim de que os alunos entendam as razões do bom desempenho e possam tomar esses textos como modelos; responde às dúvidas mais frequentes dos alunos; apresenta novos exercícios de produção textual; e expõe tópicos sobre a norma culta essenciais para a prática da redação.
O novo Cadernão se acrescenta ao material sobre redação já existente e visa capacitar os alunos a um desempenho cada vez melhor na produção textual, que é decisiva para a obtenção de uma boa nota no concurso.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Mau uso de "aderir" e "cessão"

“Os sábados aderiram sinônimos de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessão desses atos de maneira rápida e efetiva.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima o verbo “aderir” e o substantivo “cessão” estão indevidamente empregados. Problemas semânticos como esses decorrem do desconhecimento do sentido das palavras ou da confusão que às vezes se faz entre parônimos (palavras que se assemelham pelo som).
         
Entre os sentidos de “aderir”, não está o de “virar”, “tornar-se”, que cabe no contexto da frase. Da mesma forma, o substantivo correspondente a “cessar” é “cessação”, e não “cessão” (que corresponde ao verbo “ceder”). 

        Eis a frase corrigida: “Os sábados tornaram-se sinônimo de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessação desses atos de maneira rápida e efetiva.”