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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A diferença entre "obcecado" e "obsessivo"

“Há pessoas obsessivas por trabalho que acabam comprometendo seu bem-estar em troca do sucesso profissional.” (Redação de aluno)

O adjetivo “obsessivo” deriva-se de “obsessão”, que é o apego exagerado a uma ideia ou sentimento. Designa os que têm compulsão para fazer determinada coisa. Os chamados workaholics se enquadram nessa categoria e terminam obcecados pelos ofícios que desempenham (“obcecar” significa tornar cego, privar do discernimento).
Embora “obsessivo” e “obcecado” se relacionem quanto ao sentido, somente o segundo admite complemento. Diz-se que alguém é obsessivo sem apontar o objeto da obsessão; não se é obsessivo por alguma coisa. Com “obcecado” é diferente: pode-se dizer que Fulano é obcecado por esportes, jogos eletrônicos, filmes de ficção científica etc.
Na refeitura, é aconselhável substituir a locução “em troca de” por outra que traduza melhor a presumível vantagem obtida com o sacrifício do bem-estar (“em prol de”, por exemplo).

Eis a frase corrigida: “Há pessoas obcecadas por trabalho que acabam comprometendo seu bem-estar em prol do sucesso profissional.”

domingo, 25 de setembro de 2016

Confusão no emprego de "ambíguo"

    “O adolescente é um ser ambíguo. Numa hora está feliz, noutra está depressivo e solitário.” (Redação de aluno)

     O adjetivo “ambíguo” refere-se a alguém ou algo que admite mais de uma interpretação. Aplica-se por exemplo ao texto literário, que geralmente tem um sentido denotativo (no dicionário) e outro conotativo (no contexto). Ou ao comportamento contraditório de algumas pessoas. Isso é diferente do que ocorre com o adolescente, que tende a manifestar instabilidade, ou seja, oscilação de humor.

     Eis a frase corrigida: “O adolescente é um ser instável. Numa hora está feliz, noutra está depressivo e solitário.”

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O par correlativo "desde... até"

“A legislação para os processos de adoção no Brasil é lenta. Podendo durar anos até a sua conclusão e a aprovação de todo o processo de adoção.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, ocorre falha na chamada coesão sequencial. Um dos efeitos desse processo coesivo é assegurar a correta articulação entre os termos introduzidos por conectivos.  Ela é particularmente importante quando os conectivos constituem pares que se correlacionam (não só... como também, tão tanto... quanto, desde... até etc.).
No fragmento do aluno houve falha na articulação do par “desde... até”, do qual se cortou o primeiro membro (desde). O resultado foi uma acumulação redundante de termos a partir da preposição “até”; mistura-se a ideia de “conclusão” com a de “aprovação de todo o processo” (o que, obviamente, o conclui).
Na refeitura, aproveitamos para corrigir outros problemas, como o uso impróprio do termo “legislação”, o emprego inadequado da preposição “para” e a flexão no gerúndio do verbo “poder”, que fragmenta o período.

Eis a frase corrigida: “A legislação sobre os processos de adoção no Brasil é ineficaz. Devido a isso, eles podem durar anos desde a abertura até a conclusão.”
Outra forma de corrigir é substituir “legislação” por “tramitação”, que se aplica melhor ao contexto: “A tramitação dos processos de adoção no Brasil é lenta. Pode durar anos desde a abertura até a conclusão.”