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sábado, 28 de abril de 2012

O verbo "tratar-(se)"

         “A adolescência trata-se de um período conturbado na vida de qualquer pessoa. (Redação de aluno)                    

         Um problema gramatical frequente nas redações é o uso do verbo “tratar(-se)” conforme a passagem acima.
          Esse verbo é transitivo indireto; logo, quando seguido pela partícula “se”, constitui um caso de sujeito indeterminado. Se há indeterminação, não tem sentido considerar-se “a adolescência” como sujeito.
         Em vez de “trata-se”, o estudante deveria ter usado “é” ou forma verbal semelhante. Por exemplo: 
      “A adolescência é (constitui, representa) um período conturbado na vida de qualquer pessoa.”      

domingo, 8 de abril de 2012

"Razões pela qual"?

        “Homossexualidade, aversão à estrangeiros, timidez, obesidade são algumas das razões pela qual levam o agressor a atingir a vítima”. (Redação de aluno)

        Na passagem acima, além do uso indevido do acento grave em “à”, ocorre falha coesiva. O acento não se justifica porque esse “a” é apenas preposição; se um artigo se fundisse a ela, seria “os” e não “a”, o que determinaria a aglutinação “aos (estrangeiros)”.

       A falha de coesão está no uso de “pela qual” em vez de “que”; este pronome retoma “razões” e constitui o sujeito do verbo levar (“... que levam o agressor a atingir a vítima”). Caso se mantenha o “pelas quais” (flexão correta), é preciso reestruturar o período:
       
        “Homossexualidade, aversão a estrangeiros, timidez, obesidade são algumas das razões pelas quais o agressor é levado a atingir a vítima.”

domingo, 1 de abril de 2012

Mau uso do verbo "tachar"


          “As pessoas são tachadas pelo que mostram de si e submetem-se, por isso, aos ideais estabelecidos pela sociedade.” (Redação de aluno)

         “Tachar” (não confundir com “taxar”) significa “pôr nódoa ou defeito em alguém (ou em algo)”. É um verbo “transitivo predicativo”, ou seja, requer além do objeto direto um termo que representa o julgamento que o sujeito faz sobre esse objeto. Por exemplo: “O diretor tachou o rapaz de vagabundo”; “A Câmara tachou a atitude do ministro de imoral”.

         O aluno cometeu uma falha de regência ao não informar de quê as pessoas são tachadas. Na verdade, usou impropriamente “tachar”; deveria ter optado por “julgar”, “avaliar” ou semelhante:

         “As pessoas são julgadas (avaliadas) pelo que mostram de si e submetem-se, por isso, aos ideais estabelecidos pela sociedade.”