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domingo, 29 de maio de 2016

Passiva indevida com o verbo "refletir(-se)"

“As medidas foram refletidas em ganho para os pobres.” (Redação de aluno)

A frase acima é um exemplo de passivite, termo com que se designa o uso inadequado da voz passiva analítica. Nela ocorreu o apassivamento indevido do verbo “refletir(-se)”, que nesse contexto não admite a conversão para a voz passiva.

        Apenas como transitivo direto esse verbo pode ser apassivado. Confira: “O mar refletia os raios da lua” (voz ativa); ”Os raios da lua eram refletidos pelo mar” (voz passiva analítica); “Refletiam-se os raios da lua” (voz passiva sintética).

        A sentença do aluno apresenta “refletir(-se)” como verbo pronominal. Nesse caso o “se” não é partícula apassivadora, e sim parte integrante do verbo; a construção está na voz ativa.

       Eis a frase corrigida: “As medidas refletiram-se em ganho para os pobres.” 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Ainda o lugar-comum

Os fragmentos abaixo foram retirados de redações:

a) “O homem deve rever seus conceitos e tratar melhor a mulher.”
b) “Nessa altura do campeonato, é uma pena que ainda existam usuários do cigarro mesmo sabendo que ele traz prejuízos.”  
c) “O mundo em que vivemos não é um mar de rosas; o perigo nos espreita em cada esquina.”

         Eles têm em comum o uso de lugares-comuns. Expressões como “rever seus conceitos”, “nessa altura do campeonato” e “mar de rosas” devem ser evitadas, pois revelam pobreza de ideias e indicam um parco repertório vocabular.

Quem produz esses clichês não demonstra uma personalidade, não se revela um autor. O lugar-comum, lembra Alcir Pécora em “Problemas de redação” (Martins Fontes), “é, na verdade, um lugar de ninguém, uma cidade fantasma”.  Deve-se fugir dessa assombração.  

domingo, 1 de maio de 2016

Mantenha a coesão e a clareza

"Além da falta de coerência desse projeto na questão do Estado interferir na forma de educar, ele não esclarece quais serão os critérios usados para associar a punição ao nível de gravidade das palavras.” (Redação de aluno)

         As ideias do período acima estão mal articuladas. Falta ao texto coesão e clareza. A razão disso é que o termo “o projeto” (sobre a interferência do Estado na educação dos filhos) não se correlaciona com o pronome “ele”. Isso determina uma quebra na estrutura. O correto é, desde o início, apresentar “o projeto” como sujeito.

Por exemplo: “Além de o projeto ser incoerente, por permitir que o Estado interfira na educação dos filhos, ele não esclarece quais os critérios para associar a punição ao nível de gravidade das palavras.”