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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Evite lacunas entre as ideias (non sequitur)

            Investir na saúde é fundamental para que a expectativa de vida aumente, mas a forma que os investimentos são feitos deve ser repensada. Alguns hospitais públicos têm maquinas de ponto, mas não têm um funcionário que saiba utilizá-las. (Redação de aluno)

          Na passagem acima ocorre o non sequitur (tradução do latim: “não se segue”), que é a falta de concatenação entre os períodos ou entre algum(ns) dos seus membros. O aluno de início escreve que a forma como os investimentos em saúde são feitos deve ser repensada. Espera-se, é claro, que justifique essa afirmação.

         Em vez disso, ele critica a má utilização das máquinas de ponto pelos funcionários. Essa crítica, sem conexão com o que foi dito, não constitui uma justificativa. Diz respeito mais à indisciplina dos profissionais de saúde do que à política do governo para o setor.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A ambiguidade pode prejudicar a clareza

           “Encontrado crânio de rei inglês sumido há 500 anos.” (Portal Uol)

          A ambiguidade é a dualidade de sentido. Deve ser evitada quando prejudica a clareza do texto, como em: “Deixei-a feliz” (quem ficou feliz?), “Pedro encontrou a mulher rindo” (pode-se entender que qualquer um dos dois ria), “Não foi contratado por imposição do chefe” (não houve contratação ou, no caso de ter havido, o chefe não a impôs). 
 
          A ambiguidade constitui um recurso retórico quando se condensa mais de um sentido em determinado vocábulo. Esse recurso é muito usado na publicidade, como se vê neste slogan de uma marca de celulares: “Nokia -- o mundo todo só fala nele” (fala “sobre” ele e fala “por meio” dele).

          Na frase que abre o tópico, ocorre ambiguidade sintática -- também chamada de anfibologia. O adjunto “sumido” pode se referir tanto a “crânio”, quanto a “rei”. É possível desfazer o equívoco escrevendo, por exemplo: “Encontrado crânio sumido há 500 anos que pertenceu a rei inglês”.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O uso de metáforas exige cuidado

            “A inserção da mulher no mercado de trabalho ainda é palco de discussões devido ao machismo.” (Redação de aluno)

           É preciso cuidado com o uso de metáforas. Nem sempre ele concorre para assegurar o rigor que o texto dissertativo requer.
  
          O palco é um “estrado ou tablado destinado às representações”, geralmente teatrais. Ao afirmar que a inserção da mulher é “palco” de discussões, o aluno dá a entender que tal inserção constitui o lugar onde as discussões ocorrem.  Além disso, omite a relação de causa e efeito que se estabelece entre o sujeito e o predicado. Essa relação pode ser indicada por uma metáfora mais adequada (como “fonte”) ou por uma forma verbal.

          Por exemplo: “A inserção da mulher no mercado de trabalho ainda é fonte de discussões devido ao machismo.” Ou: “...ainda gera, produz discussões etc.”.