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domingo, 18 de novembro de 2012

Quantificação indevida de "mão de obra"

         “Devido ao grande número de mão-de-obra, ocorre a hipertrofia do setor terciário.” (Redação de aluno)     

         O termo “mão de obra” (agora sem hífen) designa o trabalho por meio do qual se obtém um produto. Metonimicamente, refere-se ao conjunto dos trabalhadores, o que faz com que às vezes seja quantificado numericamente. Trata-se no entanto de uma expressão genérica, que não pode receber esse tipo de quantificação.

         Eis a frase corrigida: “Devido ao excesso de mão de obra, ocorre a hipertrofia do setor terciário.”

domingo, 11 de novembro de 2012

Confusão entre "crença" e "credibilidade"

           “Perdemos a credibilidade em nossos candidatos.”  (Redação de aluno)

          O uso de parônimos não raro se presta a confusões de sentido. Como as palavras são semelhantes, é comum o aluno trocar uma forma por outra e, com isso, gerar incoerências como a que se vê acima.

         O termo “credibilidade” designa um “atributo, qualidade, característica de quem ou do que é crível” (Houaiss). Aplica-se ao objeto, e não ao agente. Se acredito em alguém, essa pessoa tem para mim credibilidade. Quanto a mim, manifesto em relação a ela... crença.

         Eis a frase corrigida: “Perdemos a crença em nossos candidatos.”

domingo, 4 de novembro de 2012

Evite o anacoluto, pois ele quebra a unidade do período

        “Em um mundo tão heterogêneo como o nosso pode ser um obstáculo à convivência interpessoal.” (Redação de aluno)

         Na passagem acima, há quebra da estruturação sintática. Esse fenômeno, conhecido por anacoluto, ocorre quando se inicia a oração por um termo que não tem sequência, ou seja, que “sobra” e por isso trunca o sentido. No trecho do aluno, a apresentação de “mundo heterogêneo” como adjunto adverbial de lugar impede que se saiba qual o sujeito da locução “pode ser”.
       
        Uma forma de dar coerência à frase é suprimir a preposição e apresentar como sujeito a expressão que antes indicava o lugar. Por exemplo: “Um mundo tão heterogêneo como o nosso pode ser um obstáculo à convivência interpessoal.”

        Usado conscientemente, o anacoluto constitui uma figura de sintaxe. Ocorre quando o emissor, motivado pela ênfase ou por razões emocionais, muda subitamente a direção do enunciado. Exemplos: “Quem ama o feio, bonito parece”; “O menino, quem quiser que cuide dele”.