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domingo, 30 de setembro de 2012

"visto como" ou "visto que"?

          “Visto como a poluição prejudica o desenvolvimento, é preciso punir os países que poluem.” (Redação de aluno)

         Não existe a locução “visto como”. A língua portuguesa forma locuções conjuntivas acrescentando a palavras de outras classes a conjunção “que”. Com essa função, o “que” acompanha preposições (desde que, até que), advérbios (já que, sempre que, logo que), conjunções (pois que, enquanto que) e particípios (dado que, visto que).

        A expressão “visto como” aparece na língua em construções do tipo: “Ele é visto como o chefe do bando”, em que ao particípio segue-se a preposição “como”.  Eis a frase corrigida:

        Visto que a poluição prejudica o desenvolvimento, é preciso punir os países que poluem.”

domingo, 23 de setembro de 2012

Não confunda "concorrer" com "corroborar"

      “Férias e refeições em família corroboram para a aproximação com os pais.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima, o estudante cometeu uma falha semântica; usou o verbo  “corroborar” em lugar de “concorrer”.

       A prova de que confundiu os dois verbos é que estendeu ao primeiro a regência do segundo. “Corroborar”, que significa “confirmar”,  é transitivo direto, ou seja, dispensa a preposição ("Ele corroborou minhas suspeitas.")  Já concorrer é “transitivo indireto” e rege complemento introduzido pela preposição “para”.

       Eis a frase corrigida: “Férias e refeições em família concorrem para a aproximação com os pais.”

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não confunda a tautologia com o "epíteto de natureza"

       “O feminismo e a luta pela igualdade de gêneros conferem a cada indivíduo o papel de agente ativo na sociedade.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima ocorre tautologia, que é o excesso de palavras para indicar uma mesma ideia. “Agente” contém em si a noção de “atividade”, por isso é desnecessário o uso do adjetivo.

        A tautologia é um tipo vicioso de pleonasmo. Ocorre ainda quando se diz: “Chegou o dia da decisão final”, “Pedro quer apenas brincar” etc. Não se deve confundir a tautologia com o epíteto de natureza, que dá expressividade à frase: “cadáver mudo”, “pedra dura” etc. 

domingo, 9 de setembro de 2012

A diferença entre "intolerante a" e "intolerante com"

            “É normal que a sociedade seja mais tolerante a certos vícios que a outros, pois há dependências menos mal que outras.” (Redação de aluno)

            Quando o assunto é vício ligado a drogas, costuma-se distinguir “tolerante a” de “tolerante com”. A “tolerância (ou intolerância) a” diz respeito à possibilidade de o usuário suportar (ou não) os efeitos da substância em seu organismo. Já a “tolerância com” se refere ao juízo moral que se faz do seu uso.

          Existe ainda um problema morfológico; o aluno usou o advérbio “mal” em vez do adjetivo “maléfico”.

          Eis o trecho corrigido: “É normal que a sociedade seja mais tolerante com certos vícios que com outros, pois há dependências menos maléficas que outras.”

domingo, 2 de setembro de 2012

"Argumento de consequência" genérico

        “Se todos forem atingidos por algum tipo de preconceito, o mundo vai se tornar atrasado e as pessoas vão viver em depressão, o que tornará o planeta um verdadeiro caos.” (Redação de aluno)

        O argumento de consequência, como o nome diz, é aquele em que se defende uma opinião de olho nos efeitos que determinado fato ou atitude podem gerar. Ocorre, por exemplo, quando se combate a extinção das áreas verdes em prol de um ar mais puro, livre de gás carbônico. 
        Na passagem acima, um de nossos alunos lança mão desse tipo de argumento para condenar o preconceito. O problema é que os efeitos que ele apresenta são genéricos e um tanto confusos.
       A possibilidade de “o mundo se tornar atrasado”, as pessoas “ficarem deprimidas” e “o planeta se tornar caótico” não se vincula diretamente ao que o estudante pretende combater. Há consequências diretas do preconceito que, se apresentadas, teriam dado à passagem maior consistência argumentativa (o estimulo à violência e à segregação social, por exemplo).