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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mau gerúndio e quebra de paralelismo

        “Nas últimas décadas o nosso país melhorou o nível de educação. Tendo a taxa de analfabetismo reduzida, aumento de matrículas escolares e crescimento da escolaridade média.” (Redação de aluno)

        Na passagem acima, ocorre má ordenação do primeiro período e quebra da coesão por uso inadequado do gerúndio (em vez de “tendo”, caberia a forma desenvolvida “teve”).

       Há também quebra de paralelismo na oração encabeçada pelo gerúndio, pois “taxa” não se harmoniza morfologicamente com “aumento” e “crescimento”.

       O melhor seria reestruturar a passagem desde o início, apresentando “o nível de educação” como tópico sentencial (sujeito). Por exemplo:

       “Nas últimas décadas, o nível de educação do nosso país melhorou. Houve redução na taxa de analfabetismo, aumento de matrículas escolares e crescimento da escolaridade média."

domingo, 27 de novembro de 2011

O que é "hipocorístico"?

hipocorístico: É qualquer palavra a que se dá um cunho afetivo. Forma-se com o acréscimo de diminutivos (paizinho, amorzinho) ou reduzindo-se a palavra a uma de suas sílabas (José - ; Luana - Lu). Por vezes, duplica-se a sílaba tônica (Zezé) ou acrescenta-se a ela um sufixo (Otávio - Tavinho; Henrique - Riquinho). Podem ocorrer outros tipos de alteração (Francisco - Chico, Margarida - Gaída, Manuel - Manu).

sábado, 26 de novembro de 2011

Alguns problemas comuns em redações de vestibulandos

          Eis alguns problemas comuns na produção textual e suas correções:
         1- “Apesar de a vida tê-lo dado muitos golpes, ele os superou e os venceu”  (ter-lhe: esse pronome exerce a função de objeto indireto e deve ser representado por “lhe”, e não por “o”). 
          2- “É triste a acomodação dos jovens diante dos problemas enfrentados a nível mundial”  (em nível: as locuções “a nível” e “a nível de” não existem). 
          3 - “O excesso de peso e de informações, junto com o desuso do cérebro, levariam ao atrofiamento do organismo” (levaria: a presença de oração intercalada faz com que o verbo concorde apenas com um dos núcleos -- no caso, “excesso”).
          4 - “Hoje, a situação se inverteu, e ao invés de se impor, os jovens apenas reclamam” (em vez de: só se usa “ao invés de” quando os termos significam rigorosamente o contrário: “Ao invés de rir, chora.”).
          5 - “Devemos nos unir em prol de uma sociedade onde sua principal característica seja a inclusão de todos” (cuja: o conectivo não retoma “sociedade” como lugar, e sim como um determinante que modifica “característica”).

domingo, 20 de novembro de 2011

Existe o verbo "ojerizar"?

          Ela ojeriza quem maltrata os animais.” (Redação de um aluno).

         O verbo “ojerizar” é pouco empregado mas existe, sim. Deriva-se de “ojeriza”, que significa “má vontade”, “antipatia”, “aversão”. A raridade do emprego torna desaconselhável o seu uso. É melhor substituí-lo por “ter ojeriza a”, construção bem mais comum.     

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Ciclo" ou "círculo" vicioso?

         “O consumo proporciona às pessoas momentos de prazer, que logo depois são substituídos pela frustração de querer sempre mais. Dessa forma, o ciclo vicioso de compras tem seu contínuo.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima há dois problemas. Primeiro, o uso de “ciclo” em vez de “círculo”. Segundo, a ideia expressa no pretenso círculo vicioso que o aluno apresenta. Tal círculo não pode se limitar “às compras”, pois se compõe também do outro fator que o alimenta -- no caso, a frustração que se segue ao prazer de comprar.

       O círculo vicioso existe porque há uma alternância entre a satisfação propiciada pelas compras e a frustração que a elas se segue, a qual leva ao desejo de comprar de novo. Esses estados levam a uma cadei circular, contínua. 

       Melhor redação para o texto seria: “O consumo proporciona às pessoas momentos de prazer seguidos pela frustração de querer sempre mais. Para combater essa frustração elas fazem novas compras, o que gera um círculo vicioso."

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Período mal ordenado

          “O objetivo da quadrilha, de acordo com a Polícia Federal, era a obtenção de lucros através da execução de obras públicas, organizada e estruturada para a prática de variados delitos, como fraudes em licitações, corrupção passiva e ativa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.” (Folhapress)

         O período está mal ordenado, o que lhe prejudica a clareza. O modo como está redigido sugere que a expressão em negrito se refere a “execução”, e não a “quadrilha”. Uma forma possível de resolver o problema é dividi-lo em dois. Por exemplo:

        “O objetivo da quadrilha, de acordo com a Polícia Federal, era a obtenção de lucros através da execução de obras públicas. Ela foi organizada para a prática de variados delitos, como fraudes em licitações, corrupção passiva e ativa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.”

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Parágrafo incoerente devido a problema semântico e coesivo

           “A opinião alheia muitas vezes é irrelevante, pois os conselhos a serem aceitos por nós são mostrados por pessoas que amamos e temos alguma afinidade; sendo assim, a opinião torna-se relevante pela importância dessas pessoas em nossas vidas.”

          O parágrafo acima está confuso. O aluno considera irrelevante a opinião alheia com base no argumento de que só se devem aceitar conselhos das pessoas que amamos e pelas quais temos afinidades.  
         O uso da locução “são mostrados”, contudo, impede que ele expresse coerentemente essa ideia. Parece que as referidas pessoas são as mesmas cujos conselhos ele se dispõe a rejeitar. A mudança do verbo e da expressão conclusiva "sendo assim" tornaria claro o enunciado. Por exemplo:

        “A opinião alheia muitas vezes é irrelevante, pois os conselhos a serem aceitos devem vir das pessoas que amamos e por quem temos afinidade. Só nesse caso, em razão da importância que essas pessoas têm em nossas vidas, a opinião se torna relevante.”

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Refeitura de parágrafo verborrágico e precioso

        
        “O trabalho na escola vem se reduzindo a meros interesses de resultados em vestibulares. Não há como negar a importância de resultados, qualquer que seja o âmbito tratado, mas muito melhor é unido aos resultados observar o corpo gerador dos mesmos. E qual esse corpo gerador senão aquele formado pelo conjunto dos seguintes valores: amor, respeito, justiça, paz, solidariedade? Para ultrapassar a superfície de meros resultados, o conceito escola ter impresso em suas entranhas os já mencionados valores.” (Redação de um aluno)
        O parágrafo acima apresenta preciosismo e excesso de palavras. Expressões como “qualquer que seja o âmbito tratado”, “corpo gerador dos mesmos”, “superfície de meros resultados” e “ter impresso em suas entranhas” obscurecem o sentido e tornam praticamente incompreensível o pensamento do aluno. É preciso cortar algumas ou substituí-las por termos mais simples para dar clareza ao enunciado. Por exemplo:
       “O trabalho na escola vem se resumindo ao interesse por resultados no vestibular. Não há como negar a importância desses resultados, mas o importante é unir a eles a transmissão dos valores que os geram: amor, respeito, justiça, paz, solidariedade. A escola deve se comprometer sobretudo com esses valores”.