Mulher:
alvo de pensamentos ultrapassados(1)
A
violência contra a mulher, apesar de bastante discutida, ainda é muito
frequente na sociedade. O pensamento ultrapassado(2), que não é somente
praticado(3) por homens, impede um maior avanço na luta pelo fim dessas
agressões. Porém(4), se comparada ao
passado, a situação vivida pelas mulheres atuais é muito melhor, mas(4) não é a necessária(3).
O pensamento ultrapassado de boa
parte da população é o maior causador das agressões contra as mulheres. Homens
que se consideram superiores e mulheres submissas são os responsáveis pelo
elevado número de casos(5) de
violência contra a mulher. A existência da Lei Maria da Penha diminuiu o número
de casos(5), mas não extinguiu ou se
aproximou disso, devido a essas mulheres que se consideram submissas; muitas
delas por aceitarem a situação(6) e outras por terem medo do agressor.
Apesar de ainda existirem agressões
verbais, as conquistas femininas diminuíram consideravelmente a frequência
desses atos. Mulheres que são julgadas por suas atitudes, como usar roupas
curtas ou praticar algum esporte considerado masculino, sofrem agressão verbal.
Graças as conquistas do movimento feminista, essas e outras atitudes estão
sendo extintas da sociedade, e as mulheres estão chegando cada vez mais
próximas de seu objetivo, a igualdade de gênero(7).
Campanhas publicitárias a respeito
da denúncia de agressão à mulher devem ser criadas, para diminuir ainda mais o
número de casos não registrados. Expor nelas a necessidade da denúncia e
garantir a segurança da mulher é de extrema importância, pois esses(8) são os principais fatores que levam
as mulheres a não denunciarem o agressor. Além disso, também é importante
mostrar que é necessário que pessoas
que presenciem o crime devem fazer a
denúncia(9).
COMENTÁRIOS
(1)
O título dado pelo aluno, além de mal pontuado, apresenta uma estruturação
inadequada. Parece um fragmento de oração. É possível simplificá-lo,
preservando a ideia original; por exemplo: “Visão ultrapassada da mulher”.
(2)
A expressão “pensamento ultrapassado” é vaga; faltou dizer que pensamento é
esse. Levando em conta o contexto, um complemento possível seria: “O pensamento
ultrapassado de que é normal bater em
mulher” ou “de que a mulher é inferior
e pode apanhar”.
(3)
Os vocábulos “praticado” e “necessária” devem ser substituídos em nome do rigor
semântico. Alternativas possíveis: “partilhado/defendido” e “adequada/suficiente”.
(4)
A presença dos conectivos “mas” e “porém” torna ambíguo o ponto de vista do
aluno. Não se sabe se ele quer dizer que a situação vivida pelas mulheres
atuais é melhor (em relação às do passado) ou se ainda não é a “necessária”. No
primeiro caso, a ênfase recai no “porém”; no segundo, recai no “mas”. Como a argumentação
e as propostas de intervenção apontam para esta segunda possibilidade, deve-se retirar
o “porém”.
5)
Os dois períodos iniciais do segundo parágrafo praticamente repetem informações.
É preferível retirar o primeiro período, já que a palavra “casos” (retomada no
terceiro período) estabelece a coesão.
6)
Aceitar a situação não é causa de ser submissa. O melhor neste final de parágrafo
é destacar a relação de causa e consequência que existe entre o temor ao agressor e a
submissão. Por exemplo: “muitas delas, por medo do agressor, aceitam a situação”.
7)
No terceiro parágrafo ocorre falha de progressão; repetem-se as referências às
agressões verbais e às conquistas do movimento feminista. Reordená-lo é a
melhor forma de resolver o problema. Por exemplo:
“Mulheres que são julgadas por suas
atitudes, como usar roupas curtas ou praticar algum esporte considerado
masculino, sofrem agressões verbais. Apesar de tais agressões ainda existirem, as
conquistas do movimento feminista diminuíram consideravelmente a sua
frequência. Graças a essas conquistas, essas
e outras atitudes estão sendo extintas da sociedade, de modo que as mulheres
estão chegando cada vez mais próximas de seu objetivo -- igualdade de gênero.”
(8)
Esse pronome retoma as ideias de “denúncia” e “garantia da mulher”; não pode, portanto,
se referir aos fatores que levam as mulheres a não denunciar quem as agride. Para
haver coerência, “esses” deve ser substituído por termos que designem situações
que intimidem a mulher. Por exemplo: “...pois a impunidade dos agressores e o
temor de serem alvo de novas agressões são os principais fatores que levam as mulheres a não denunciarem o agressor”.
(9)
Neste último período, há redundância semântica com o uso de “ser necessário” e “dever”;
ambos indicam necessidade. Pode-se corrigir o problema retirando um dos dois: “Além
disso, também é importante mostrar que as pessoas que presenciem o crime devem fazer a denúncia” ou “Além disso,
também é importante mostrar que é
necessário que pessoas que presenciem o crime façam a denúncia”.