“O Estado deve tratar todos cidadãos iguais.” (Da redação de um aluno).
Derrapagens gramaticais são comuns nas redações. Na passagem acima, por exemplo, ocorrem duas.
A primeira está representada pelo uso do pronome “todos” não seguido de artigo. Sem o artigo, “todos” equivale a “quaisquer” e não a “por inteiro”. Compare: “Todo homem é mortal” (qualquer homem); “Todo o homem é mortal” (o homem inteiro, ou seja, dos cabelos à sola dos pés).
O segundo tropeço é a flexão de “igual”, que no contexto da frase não é adjetivo, mas sim advérbio. Modifica verbo, e não substantivo. Um exemplo famoso desse emprego encontra-se no slogan da Skol -- “A cerveja que desce redondo”. “Redondo” não qualifica o produto; refere-se ao modo como ele desce. Da mesma forma, “tratar igual” é “tratar igualmente”. Eis a frase corrigida:
“O Estado deve tratar todos os cidadãos igual.”