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domingo, 31 de março de 2013

Evite o excesso de conectores

           “É preciso que as instituições de ensino sejam rígidas no combate à cola, para que só assim os jovens cresçam sabendo que a desonestidade tem sérias consequências.” (Redação de aluno)

          Excesso de conectivos, como ocorre na passagem acima, gera incoerência textual.  O aluno desnecessariamente acrescenta à locução “para que”, que tem valor de finalidade, o conjunto “só assim”, indicativo de condição.

       O verbo no subjuntivo harmoniza-se com a ideia de fim (“para que os jovens cresçam”) e torna dispensável o complemento condicional. Caso este seja mantido, deve-se omitir a locução indicativa de fim e adequar o verbo.

         Por exemplo: “É preciso que as instituições de ensino sejam rígidas no combate à cola, só assim os jovens crescerão sabendo que a desonestidade tem sérias consequências.”

domingo, 24 de março de 2013

Retome formalmente o que está explícito

  
       “A maior parte dos jovens acreditam que a vida alheia é melhor e mais interessante, por sempre os verem com sorrisos estampados no rosto.” (Redação de aluno)

        A que termo se refere o pronome “os” (grifado)? Não pode ser a “jovens”, pois são estes que veem os sorrisos estampados no rosto dos que parecem ter uma boa vida.

        Esse tipo de falha coesiva é comum quando o estudante retoma, mentalmente, o núcleo de uma locução adjetiva. Como o adjetivo “alheia” equivale à locução “do(s) outro(s)”, é o pronome “outros” que a forma oblíqua “os” retoma.

       Com a explicitação da locução adjetiva, é possível dar unidade ao texto: “A maior parte dos jovens acreditam que a vida dos outros é melhor e mais interessante, por sempre os verem com sorrisos estampados no rosto.”      
       

domingo, 17 de março de 2013

Fique atento às falsas definições

            “Alguns acreditam que o desenvolvimento sustentável (utilização dos recursos sem prejudicar as futuras gerações) pode amenizar os problemas.” (Redação de aluno)

            A falsa definição constitui um erro lógico frequente nas redações. Ela ocorre quando, em vez de conceituar determinado objeto (pessoa, fenômeno, procedimento), o redator apenas indica um aspecto relacionado a ele.    

            É o caso da frase acima, em que o aluno se propõe a definir “desenvolvimento sustentável”. Esperava-se que ele explicasse em que isso consiste, e não que mencionasse um de seus efeitos.

          Eis uma correção possível: “Alguns acreditam que o desenvolvimento sustentável (utilização dos recursos sem agredir a natureza) pode amenizar os problemas.”

domingo, 3 de março de 2013

Evite o "deve-se haver"

          “Diante de casos extremos, deve-se haver uma conscientização de que ser diferente é bonito.” (Redação de aluno)

          Vez por outra me deparo nas redações com a presença de um “deve-se haver”. Esse tipo de construção fere a norma culta, pois quando o verbo “haver” significa  “existir” é impessoal; logo, não admite a presença da partícula de indeterminação do sujeito.

          O desvio certamente se explica por o aluno confundir o verbo “haver” com o verbo “ter” -- este, sim, capaz de receber a partícula.  Do cruzamento entre “deve haver” e “deve-se ter”, resulta uma terceira forma, anômala, “deve-se haver”.

          Eis a frase corrigida: “Diante de casos extremos, deve haver a conscientização de que ser diferente é bonito.”

sexta-feira, 1 de março de 2013

Não misture o particular com o geral

          “É notável que Adriano Silva deu o primeiro passo para a desintoxicação, que foi assumir que é dependente. Mas também é fundamental a ajuda de um profissional especializado.” (Redação de aluno)

         No parágrafo acima, há excesso de palavras e quebra da unidade estrutural. Pode-se corrigir o excesso retirando-se o desnecessário “É notável que...”.

        Para conferir unidade, deve-se também no segundo período fazer referência a Adriano Silva. Sem isso, há uma indevida associação entre o particular (ou seja, o que ocorreu com o jornalista) e o geral (aplicável a qualquer pessoa).

         Eis uma sugestão para melhorar o texto: “Adriano Silva deu o primeiro passo para a desintoxicação, que foi assumir que é dependente. Mas é também fundamental que ele procure a ajuda de um profissional especializado.”