“O triunfante pode ter feito por
merecer, ou quiçá possua maior propulsão geneticamente para a glória.” (Redação
de aluno)
O autor da passagem acima tem a mania de
“escrever difícil”. Ao invés de simplificar, complica. Como não vai ao
dicionário para ver o exato sentido das palavras, usa as que lhe ocorrem e satisfazem
o seu preciosismo (que é justamente
o hábito de usar palavras pouco comuns).
A primeira inadequação é a troca de “vencedor”
por “triunfante”. Quem vence triunfa, claro, mas não é comum se dizer, por
exemplo, que Lewis Hamilton foi o “triunfante” de tal prêmio de Fórmula Um. O segundo
vocábulo precioso é “quiçá”, em oposição a “talvez”. Eles são sinônimos, mas o
espanholismo soa um tanto pernóstico.
O terceiro emprego vocabular indevido
está no uso de “propulsão” em vez de “propensão”. “Propulsão” é “impulso” e não
se confunde com “tendência”, ou “pendor”, que são mais adequados para
caracterizar a influência genética.
Eis a frase corrigida: “O vencedor pode ter feito por merecer, ou
talvez possua maior propensão genética para a glória.”
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