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domingo, 4 de outubro de 2015

Evite o preciosismo

“O triunfante pode ter feito por merecer, ou quiçá possua maior propulsão geneticamente para a glória.” (Redação de aluno)

O autor da passagem acima tem a mania de “escrever difícil”. Ao invés de simplificar, complica. Como não vai ao dicionário para ver o exato sentido das palavras, usa as que lhe ocorrem e satisfazem o seu preciosismo (que é justamente o hábito de usar palavras pouco comuns).

A primeira inadequação é a troca de “vencedor” por “triunfante”. Quem vence triunfa, claro, mas não é comum se dizer, por exemplo, que Lewis Hamilton foi o “triunfante” de tal prêmio de Fórmula Um. O segundo vocábulo precioso é “quiçá”, em oposição a “talvez”. Eles são sinônimos, mas o espanholismo soa um tanto pernóstico.

O terceiro emprego vocabular indevido está no uso de “propulsão” em vez de “propensão”. “Propulsão” é “impulso” e não se confunde com “tendência”, ou “pendor”, que são mais adequados para caracterizar a influência genética.  

Eis a frase corrigida: “O vencedor pode ter feito por merecer, ou talvez possua maior propensão genética para a glória.”

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