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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Redação corrigida - "As relações humanas no mundo pós-pandemia"



       A pandemia de coronavírus, que acometeu todo o globo terrestre, não atingiu somente a esfera sanitária, mas também (1) as esferas econômicas, sociais e políticas (2) ao intensificar diversos problemas inerentes às civilizações: as desigualdades sociais, os movimentos anticiência, a proliferação de “fake news” e o avanço de doenças mentais. Embora caótico, esse cenário permite analisar profundamente as relações humanas no sentido de compreender a dinâmica (3) e de propor soluções para tais conjunturas (4), haja vista que a superação dessa crise exige o estudo e a absorção das lições provenientes dessas problemáticas. Nesse sentido, é imprescindível reconhecer as grandes mudanças – as quais irão muito além de medidas sanitárias – que as sociedades, em todo mundo, sofrerão após a pandemia, a qual tornar-se-á (5) um marco histórico para toda a humanidade.

         Entre essas alterações, ressalte-se o fortalecimento (6) das relações interpessoais, que, líquidas dentro das sociedades modernas – como propôs Zygmunt Bauman em sua obra “Modernidade Líquida” -, volatilizaram-se com a centelha (7) do distanciamento no contexto da pandemia. Esse isolamento, ao corroborar (8) o avanço de transtornos mentais e psicológicos – tais como a depressão e a ansiedade -, expôs uma contradição experenciada pelas comunidades humanas: a importância de se estabelecer interações sólidas em (9) mundo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela fragilidade dos vínculos entre os indivíduos. Desse modo, a pandemia evidenciou as árduas consequências do processo de afastamento, não físico, mas afetivo e social, que as sociedades têm presenciado, o que demonstra a necessidade de fortalecimento dessas relações – fator essencial para a diminuição dos impactos de eventuais crises sobre o estado emocional e psicológico das populações afetadas.

         Ademais, cabe analisar as implicações socioeconômicas e políticas derivadas desse ínterim (10). Essas ações - não limitadas a questões sanitárias - deverão pautar-se na proteção da economia, na informação da população e na coordenação independente da saúde, tendo em vista que a crise econômica sistêmica, a desinformação generalizada e as divergências governamentais representaram os maiores obstáculos ao controle da pandemia em todo o mundo. Embora contornáveis, esses empecilhos se agravaram graças às aulas “do que não se fazer” diante de um cenário pandêmico, protagonizadas por diversos governos – principalmente o americano e o brasileiro – os quais utilizaram a saúde como fonte para a corrupção e como arma política, o que acirrou tensões políticas, além de, constantemente, questionarem as evidências científicas, o que legitimou a disseminação de fake news e a ascensão de movimentos anticiência. Dessa forma, como sugere notável afirmativa do político irlandês Edmund Burke (11), para o qual “aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”, cabe aos governantes e às sociedades estudar o quadro e pleitear mudanças a fim de prevenir a repetição desses eventos em questão (12).

         Em suma, infere-se que (13) as relações humanas no período pós-pandemia sofrerão profundas mudanças, as quais (14) basear-se-ão, sobretudo, no fortalecimento dos vínculos sociais – liquefeitos na modernidade, segundo Zygmunt Bauman -, e na atuação do Estado e da coletividade em prol da prevenção contra os impactos de eventuais crises – por meio do conhecimento dos fatos históricos, como afirmou Edmund Burke. Assim, como os veículos midiáticos têm propagado, viver-se-á um “novo normal”, em que a pandemia de COVID-19 representará o “divisor de águas” entre tais intervalos (15).

 

                            CORREÇÕES

1)    Atenção para o paralelismo: “...atingiu não somente a esfera sanitária,  mas também as esferas...”.

2)     Indique no singular cada esfera:  “as esferas econômica, social e política”.

3)    A dinâmica de quê? Dos referidos problemas ou das relações humanas? Neste segundo caso, escreva: “compreender-lhes a dinâmica”.  

4)      Flexione no singular, pois “conjuntura” já supõe o conjunto de problemas.

5)      Use próclise após pronome relativo: “a qual se tornará”.

6)    Se as relações se volatizaram, não se fortaleceram! É melhor falar em mudanças, transformações.

7)    Seria essa uma metáfora adequada? “Centelha” é luz forte, faísca. Talvez seja melhor optar por um termo de valor denotativo, como “imperativo”.

8)    Inadequação semântica. É melhor “promover”, “provocar”.

9)    Insira o artigo indefinido “um”.

10)                       Substitua por “quadro” ou “conjuntura”. “Ínterim” é “espaço de tempo”, “intervalo entre uma coisa e outra”.

11)                        Corte e simplifique: “Dessa forma, como sugere o político irlandês Edmund Burke,...“.

12)                       Corte para evitar o eco (ão, ão).

13)                      Corte essa parte, que já tem caráter conclusivo.  

14)                       Use próclise após o pronome relativo: “que se basearão”. 

15)                        Proposta de uma melhor ordem: “Assim, como os veículos midiáticos têm propagado, a pandemia da COVID-19 representará o divisor de águas para a vivência de um ‘novo normal’”.

 

                        REFEITURA

A pandemia de coronavírus, que acometeu todo o globo terrestre, atingiu não somente a esfera sanitária, mas também as esferas econômica, social e política, ao intensificar diversos problemas inerentes à civilização: as desigualdades sociais, os movimentos anticiência, a proliferação de “fake news” e o avanço de doenças mentais. Embora caótico, esse cenário demanda analisar profundamente as relações humanas no sentido de compreender-lhe a dinâmica e de propor soluções para os problemas por ele gerados; com efeito, a  superação dessa crise exige o estudo e a absorção das lições que ela pode nos dar. Nesse sentido, é imprescindível reconhecer as grandes mudanças – as quais irão muito além de medidas sanitárias – que as sociedades, em todo mundo, sofrerão após a pandemia, a qual se tornará um marco histórico para toda a humanidade.

 Entre essas alterações, ressalte-se a mudança nas relações interpessoais, que, líquidas dentro das sociedades modernas – como propôs Zygmunt Bauman em sua obra “Modernidade Líquida” , volatilizaram-se com o isolamento exigido no contexto da pandemia. Esse isolamento, ao provocar o aumento de transtornos mentais e psicológicos – tais como a depressão e a ansiedade –, expôs uma contradição experenciada pelas comunidades humanas: a importância de se estabelecer interações sólidas em um mundo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela fragilidade dos vínculos interpessoais. Desse modo, a pandemia evidenciou as árduas consequências do processo de afastamento, não físico, mas afetivo e social, que as sociedades têm presenciado, o que demonstra a necessidade do fortalecimento dessas relações – fator essencial para a diminuição dos impactos de eventuais crises sobre o estado emocional e psicológico das populações afetadas.

 Ademais, cabe analisar as implicações socioeconômicas e políticas derivadas desse quadro, que requisita ações com ele condizentes. Essas ações - não limitadas a questões sanitárias - deverão pautar-se na proteção da economia, na informação da população e na coordenação independente da saúde, tendo em vista que a crise econômica sistêmica, a desinformação generalizada e as divergências governamentais representaram os maiores obstáculos ao controle da pandemia em todo o mundo. Embora contornáveis, esses empecilhos se agravaram graças às aulas “do que não se fazer” diante de um cenário pandêmico, protagonizadas por diversos governos – principalmente o americano e o brasileiro – que utilizaram a saúde como fonte para a corrupção e como arma política, o que acirrou ainda mais as tensões. Como se isso não bastasse, eles constantemente questionaram as evidências científicas, o que legitimou a disseminação de fake news e a ascensão de movimentos anticiência. Dessa forma, como sugere o notável o político irlandês Edmund Burke, para o qual “aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”, cabe aos governantes e às sociedades estudar o quadro e pleitear mudanças a fim de prevenir a repetição de tais eventos.  

 Infere-se do que foi dito que as relações humanas no período pós-pandemia sofrerão profundas mudanças, as quais se basearão, sobretudo, no fortalecimento dos vínculos sociais – liquefeitos na modernidade, segundo Zygmunt Bauman –, e na atuação do Estado e da coletividade em prol da prevenção contra os impactos de eventuais crises – por meio do conhecimento dos fatos históricos, como afirmou Edmund Burke. Assim, como os veículos midiáticos têm propagado, a pandemia da COVID-19 representará o divisor de águas para a vivência de um “novo normal”’.

 

                          COMENTÁRIOS

O texto apresenta um bom nível de análise. Explora com embasamento crítico o cenário que possivelmente se instalará após a epidemia da Covid-19.

Pode, contudo, ser aprimorado nos aspectos da coesão e da semântica. Além disso, ganharia em clareza caso determinados períodos fossem menos extensos.

Leia com bastante atenção a REFEITURA, comparando-a com a versão original. Nela há propostas e retificações que não apareceram nas CORREÇÕES.

2 comentários:

Celso Chini disse...

Excelente! Um prazer aprender com o Viana!

Chico Viana disse...

Grato pelo comentário. Abraço!