Quando o assunto é clichê, lembro-me do tempo em
que fui aluno do escritor Cyro dos Anjos na Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
A disciplina era Oficina Literária, e o autor de “O
amanuense Belmiro”, “Abdias”, “Montanha” e outros bons romances na linha
machadiana frequentemente nos alertava para o risco das chapas.
Certa vez nos entregou uma
relação com várias delas. Guardei esse papel, que utilizo para prevenir os
alunos contra a armadilha do lugar-comum.
Eis alguns clichês que constam na lista de Cyro: implacável destino, esposa
exemplar, insidiosa moléstia, virtudes imarcescíveis, radiosa manhã,
irresistível impulso, olhar glacial, perigoso meliante, nobre colega, vasto
repertório, etc. etc.
É preciso fugir deles como o
diabo da cruz (acabei de usar um!).