A
pandemia de coronavírus, que acometeu todo o globo terrestre, não atingiu somente a
esfera sanitária, mas também (1) as esferas econômicas,
sociais e políticas (2) ao intensificar
diversos problemas inerentes às civilizações: as desigualdades sociais, os
movimentos anticiência, a proliferação de “fake news” e o avanço de doenças
mentais. Embora caótico, esse cenário permite analisar profundamente as
relações humanas no sentido de compreender a dinâmica (3)
e de propor soluções para tais conjunturas (4),
haja vista que a superação dessa crise exige o estudo e a absorção das lições
provenientes dessas problemáticas. Nesse sentido, é imprescindível reconhecer
as grandes mudanças – as quais irão muito além de medidas sanitárias – que as
sociedades, em todo mundo, sofrerão após a pandemia, a
qual tornar-se-á (5) um marco histórico para toda a humanidade.
Entre essas alterações, ressalte-se o fortalecimento (6) das relações interpessoais, que,
líquidas dentro das sociedades modernas – como propôs Zygmunt Bauman em sua
obra “Modernidade Líquida” -, volatilizaram-se com a
centelha (7) do distanciamento no contexto da pandemia. Esse isolamento,
ao corroborar (8) o avanço de transtornos
mentais e psicológicos – tais como a depressão e a ansiedade -, expôs uma
contradição experenciada pelas comunidades humanas: a importância de se
estabelecer interações sólidas em (9) mundo cada
vez mais marcado pelo individualismo e pela fragilidade dos vínculos entre os
indivíduos. Desse modo, a pandemia evidenciou as árduas consequências do
processo de afastamento, não físico, mas afetivo e social, que as sociedades
têm presenciado, o que demonstra a necessidade de fortalecimento dessas
relações – fator essencial para a diminuição dos impactos de eventuais crises
sobre o estado emocional e psicológico das populações afetadas.
Ademais, cabe analisar as implicações
socioeconômicas e políticas derivadas desse ínterim
(10). Essas ações - não limitadas a questões sanitárias - deverão
pautar-se na proteção da economia, na informação da população e na coordenação
independente da saúde, tendo em vista que a crise econômica sistêmica, a
desinformação generalizada e as divergências governamentais representaram os
maiores obstáculos ao controle da pandemia em todo o mundo. Embora
contornáveis, esses empecilhos se agravaram graças às aulas “do que não se
fazer” diante de um cenário pandêmico, protagonizadas por diversos governos –
principalmente o americano e o brasileiro – os quais utilizaram a saúde como
fonte para a corrupção e como arma política, o que acirrou tensões políticas,
além de, constantemente, questionarem as evidências científicas, o que legitimou
a disseminação de fake news e a ascensão de movimentos anticiência. Dessa
forma, como sugere notável afirmativa do político
irlandês Edmund Burke (11), para o qual “aqueles que não conhecem a
história estão fadados a repeti-la”, cabe aos governantes e às sociedades estudar
o quadro e pleitear mudanças a fim de prevenir a repetição desses eventos em questão (12).
Em suma, infere-se
que (13) as relações humanas no período pós-pandemia sofrerão profundas
mudanças, as quais (14) basear-se-ão, sobretudo,
no fortalecimento dos vínculos sociais – liquefeitos na modernidade, segundo
Zygmunt Bauman -, e na atuação do Estado e da coletividade em prol da prevenção
contra os impactos de eventuais crises – por meio do conhecimento dos fatos
históricos, como afirmou Edmund Burke. Assim, como os
veículos midiáticos têm propagado, viver-se-á um “novo normal”, em que a
pandemia de COVID-19 representará o “divisor de águas” entre tais intervalos
(15).
CORREÇÕES
1)
Atenção
para o paralelismo: “...atingiu não somente a esfera sanitária, mas também as esferas...”.
2)
Indique no singular cada esfera: “as esferas econômica, social e
política”.
3)
A
dinâmica de quê? Dos referidos problemas ou das relações humanas? Neste segundo
caso, escreva: “compreender-lhes a dinâmica”.
4)
Flexione no singular, pois “conjuntura” já
supõe o conjunto de problemas.
5)
Use próclise após pronome relativo: “a qual se tornará”.
6)
Se
as relações se volatizaram, não se fortaleceram! É melhor falar em mudanças,
transformações.
7)
Seria
essa uma metáfora adequada? “Centelha” é luz forte, faísca. Talvez seja melhor
optar por um termo de valor denotativo, como “imperativo”.
8)
Inadequação
semântica. É melhor “promover”, “provocar”.
9)
Insira
o artigo indefinido “um”.
10)
Substitua por “quadro” ou “conjuntura”.
“Ínterim” é “espaço de tempo”, “intervalo entre uma coisa e outra”.
11)
Corte e simplifique: “Dessa forma, como
sugere o político irlandês Edmund Burke,...“.
12)
Corte para
evitar o eco (ão, ão).
13)
Corte
essa parte, que já tem caráter conclusivo.
14)
Use próclise após o pronome relativo: “que
se basearão”.
15)
Proposta
de uma melhor ordem: “Assim, como os veículos midiáticos têm propagado, a
pandemia da COVID-19 representará o divisor de águas para a vivência de um
‘novo normal’”.
REFEITURA
A
pandemia de coronavírus, que acometeu todo o globo terrestre, atingiu não somente a esfera sanitária, mas também as esferas
econômica, social e política, ao intensificar diversos problemas
inerentes à civilização: as desigualdades
sociais, os movimentos anticiência, a proliferação de “fake news” e o avanço de
doenças mentais. Embora caótico, esse cenário demanda analisar
profundamente as relações humanas no sentido de compreender-lhe
a dinâmica e de propor soluções para os problemas por ele gerados; com efeito, a superação dessa crise exige o estudo e a
absorção das lições que ela pode nos dar. Nesse
sentido, é imprescindível reconhecer as grandes mudanças – as quais irão muito
além de medidas sanitárias – que as sociedades, em todo mundo, sofrerão após a
pandemia, a qual se tornará um marco histórico
para toda a humanidade.
Entre essas alterações, ressalte-se a mudança nas relações interpessoais, que, líquidas
dentro das sociedades modernas – como propôs Zygmunt Bauman em sua obra
“Modernidade Líquida” –, volatilizaram-se com o isolamento exigido no contexto da pandemia. Esse
isolamento, ao provocar o aumento de transtornos
mentais e psicológicos – tais como a depressão e a ansiedade –, expôs uma
contradição experenciada pelas comunidades humanas: a importância de se
estabelecer interações sólidas em um mundo cada
vez mais marcado pelo individualismo e pela fragilidade dos vínculos interpessoais. Desse modo, a pandemia evidenciou as
árduas consequências do processo de afastamento, não físico, mas afetivo e
social, que as sociedades têm presenciado, o que demonstra a necessidade do fortalecimento dessas relações – fator essencial
para a diminuição dos impactos de eventuais crises sobre o estado emocional e
psicológico das populações afetadas.
Ademais, cabe analisar as implicações
socioeconômicas e políticas derivadas desse quadro, que
requisita ações com ele condizentes. Essas ações - não limitadas a
questões sanitárias - deverão pautar-se na proteção da economia, na informação
da população e na coordenação independente da saúde, tendo em vista que a crise
econômica sistêmica, a desinformação generalizada e as divergências
governamentais representaram os maiores obstáculos ao controle da pandemia em
todo o mundo. Embora contornáveis, esses empecilhos se agravaram graças às
aulas “do que não se fazer” diante de um cenário pandêmico, protagonizadas por
diversos governos – principalmente o americano e o brasileiro – que utilizaram a saúde como fonte para a corrupção e
como arma política, o que acirrou ainda mais as tensões.
Como se isso não bastasse, eles constantemente questionaram
as evidências científicas, o que legitimou a disseminação de fake news e a
ascensão de movimentos anticiência. Dessa forma, como sugere o notável o político irlandês Edmund Burke, para o qual
“aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”, cabe aos
governantes e às sociedades estudar o quadro e pleitear mudanças a fim de
prevenir a repetição de tais eventos.
Infere-se do que foi
dito que as relações humanas no período pós-pandemia sofrerão profundas
mudanças, as quais se basearão, sobretudo, no
fortalecimento dos vínculos sociais – liquefeitos na modernidade, segundo
Zygmunt Bauman –, e na atuação do Estado e da coletividade em prol da prevenção
contra os impactos de eventuais crises – por meio do conhecimento dos fatos
históricos, como afirmou Edmund Burke. Assim, como os
veículos midiáticos têm propagado, a pandemia da COVID-19 representará o
divisor de águas para a vivência de um “novo normal”’.
COMENTÁRIOS
O
texto apresenta um bom nível de análise. Explora com embasamento crítico o
cenário que possivelmente se instalará após a epidemia da Covid-19.
Pode,
contudo, ser aprimorado nos aspectos da coesão e da semântica. Além disso,
ganharia em clareza caso determinados períodos fossem menos extensos.