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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Quebra da unidade no uso da locução "em vez de"

“Com a certeza da impunidade, em vez de seguirmos as normas como foram propostas, a cultura do famoso jeitinho vem se difundindo e tornou-se louvável.” (Redação de aluno)

Na passagem acima, ocorre um problema relacionado ao emprego da locução “em vez de”, que indica a troca de uma coisa por outra (Em vez de pinha, comeu maçã).
Para manter a unidade textual, é preciso haver identidade entre os termos correlacionados. Na frase do aluno a unidade se quebra porque “em vez de” correlaciona sujeitos diferentes (“nós”, sujeito de seguirmos; “e a cultura do famoso jeitinho”, sujeito dos verbos “difundir-se” e “tornar-se”).
O leitor espera que na segunda oração o emissor continue falando de “nós”. Ninguém diz, por exemplo, “Em vez de Luís pegar o metrô, Pedro pegou o ônibus”; não há relação entre essas duas ocorrências.

       Eis a frase corrigida: “Com a certeza da impunidade, em vez de seguirmos as normas como foram propostas, vimos difundindo e tornando louvável a cultura do famoso jeitinho.”

domingo, 25 de dezembro de 2016

A regência do verbo "focar"

 “O governo precisa focar nas prioridades da população.” (Redação de aluno)

Na frase acima, o aluno cometeu uma falha de regência. O verbo “focar” é transitivo direto, ou seja, liga-se ao complemento sem o intermédio de preposição. Foca-se “alguma coisa” e não “em alguma coisa”.
Essa confusão se deve, em parte à interferência do substantivo "foco". Como o complemento desse substantivo é preposicionado (mantém-se o foco em alguma coisa), tende-se a estender a preposição ao complemento do verbo.
Portanto, se você escrever que pretende focar “em seus objetivos”, não pode incluir entre eles a aprovação numa prova de português!

Eis a frase corrigida: “O governo precisa focar as prioridades da população.” 

sábado, 10 de dezembro de 2016

Uso inadequado de "aderir" e "cessão"

“Os sábados aderiram sinônimos de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessão desses atos de maneira rápida e efetiva.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima o verbo “aderir” e o substantivo “cessão” estão indevidamente empregados. Problemas semânticos como esses decorrem do desconhecimento do sentido das palavras ou da confusão que às vezes se faz entre parônimos (palavras que se assemelham pelo som).
         
“Aderir” não significa “virar”, “tornar-se”, que cabem no contexto da frase. Da mesma forma, o substantivo correspondente a “cessar” é “cessação”, e não “cessão” (que corresponde ao verbo “ceder”). 

Eis a frase corrigida: “Os sábados tornaram-se sinônimo de desconforto devido ao barulho de certos cultos religiosos. Diante desse quadro, solicitamos a cessação desses atos de maneira rápida e efetiva.”