“Deveria-se
acreditar na importância da opinião própria e não se deixar influenciar. A vida
das pessoas não poderiam ser interferidas pelo desejo da aprovação dos outros.”
(Redação de aluno)
Na passagem
acima há três problemas gramaticais. O primeiro é o emprego da ênclise em verbo no futuro do pretérito
(deveria-se). Nesse tempo, usa-se o pronome no meio da forma verbal
(mesóclise). Alguns, tendo em vista o abandono da mesóclise hoje em dia,
preferem mesmo usar a próclise (se deveria) -- mas isso não é aconselhável num texto formal.
O segundo problema
é a flexão no plural do verbo
“poder”; esse verbo deveria estar no singular, concordando com o núcleo do
sujeito “vida”. Escrevi “deveria” porque a construção apresentada pelo aluno é
gramaticalmente impossível (eis o terceiro problema). O verbo “interferir”, por
pedir complemento regido de preposição (no caso, “em”), não permite a formação
da voz passiva. Sendo assim, o
sujeito é “o desejo da aprovação dos outros”, e “a vida das pessoas” aparece
como objeto indireto.
Eis a frase corrigida: “Dever-se-ia acreditar na
importância da opinião própria e não se deixar influenciar. O desejo da
aprovação dos outros não poderia interferir na vida das pessoas.”