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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Ambiguidade ou sadismo?

“Na cidade francesa de Nice, um homem matou cerca de 80 pessoas atropeladas, deixando a região em estado de pânico.” (Redação de aluno)

Na passagem acima ocorre ambiguidade – ou sadismo. Iniciemos com a segunda possibilidade: é ou não é próprio de um sádico matar 80 pessoas que já foram vítimas de atropelamento?
Evidentemente não foi isso que o aluno quis dizer, o que nos leva à segunda possibilidade. Seu enunciado é ambíguo devido à má ordenação das palavras. O ordenamento errôneo levou-o a apresentar “atropeladas” como um adjunto adnominal e produzir a interpretação descabida (na refeitura, deve-se reduzir “em estado de pânico” a, simplesmente, “em pânico”).

Há duas formas de corrigir a frase: 
1 - “Na cidade francesa de Nice, um homem matou por atropelamento cerca de 80 pessoas, deixando a região em pânico.”
2 - “Na cidade francesa de Nice, um homem atropelou e matou cerca de 80 pessoas, deixando a região em pânico.” (Redação de aluno)


sábado, 27 de agosto de 2016

Confusão no uso de "a priori" e "a posteriori"

“A priori, quando surgiu no século I d. C., essas associações que utilizam o terror e a violência como forma de manifestação eram poucas, mal articuladas e só realizavam ações que atingissem os alvos. A posteriori, com a dispersão pelo mundo desse tipo de manifestação e principalmente com o surgimento e o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas e de comunicação, esses grupos ganharam maior alcance, melhor organização e mais apoio tanto financeiro quanto no contingente individual.” (Redação de aluno)

Entre os problemas do parágrafo acima, está o uso inadequado das expressões “a priori” e “a posteriori”. Elas não devem ser usadas para indicar os dois momentos de uma sequência temporal. “A priori” não se confunde com “de início”. Designa algo que é percebido de modo intuitivo, independentemente da experiência, ou que é dado como um pressuposto. Por exemplo: “Para Rousseau, o ser humano é a priori bom.” “A posteriori”, por vez, traduz um saber que é fundado na experiência ou na observação.
 Há também problemas de pontuação, pois a oração que se segue a “associações” é explicativa e não restritiva (o termo já foi definido pelo pronome demonstrativo “essas”); e de paralelismo, pois os consequentes do par “tanto... quanto” não estão morfossintaticamente harmonizados.

Eis a frase corrigida: “De início, quando surgiu no século I d. C., essas associações, que utilizam o terror e a violência como forma de manifestação, eram poucas, mal articuladas, e só realizavam ações que atingissem os alvos. Depois, com a dispersão pelo mundo desse tipo de manifestação e principalmente com o surgimento e o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas e de comunicação, esses grupos ganharam maior alcance, melhor organização e mais apoio tanto financeiro quanto pessoal.” 

sábado, 20 de agosto de 2016

Mantenha a unidade do período

“Caso a justiça brasileira precise investigar conversas de possíveis terroristas planejando algum atentado, esse crime pode ser bem sucedido devido a privacidade exagerada garantida aos usuários do “Whatsapp”.  

Muitas falhas de coesão resultam da quebra na estruturação do período. É o que ocorre na frase acima, em que o sujeito da oração condicional (a justiça brasileira) não é retomado na oração seguinte. Em vez de retomá-lo, ou de apresentar alguma informação que se relacione com ele, o aluno passa a falar de um novo sujeito (esse crime).

Uma forma de resolver o problema é manter “justiça brasileira” como sujeito das duas orações, fazendo as adaptações necessárias. Aproveite-se para corrigir duas outras falhas: a endorreia representada pelo gerúndio “planejando” com o valor de oração adjetiva e a ausência da indicação de crase antes de “privacidade”. 
  
Eis a frase corrigida: “Caso a justiça brasileira precise investigar conversas de possíveis terroristas que planejem algum atentado, poderá ser malsucedida devido à privacidade exagerada garantida aos usuários do “Whatsapp”.