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domingo, 27 de dezembro de 2015

Passiva analítica e outras coisas mais

“É dito que para ter sucesso é preciso ter uma boa auto-estima, assim como para gostar de si mesmo é necessário ser bem sucedido.” (Redação de aluno)´

Na passagem acima há falhas de estilo, semântica e ortografia. A primeira consiste no uso da passiva analítica (é dito), que soa pouco natural e pode ser substituída, com vantagem, pela passiva sintética (diz-se). A falha semântica decorre do uso do adjetivo “boa” antes de “autoestima”, o que constitui uma redundância. Os erros ortográficos dizem respeito ao emprego do hífen.
O raciocínio do aluno parece recorrente, mas ele pretendeu apresentar um círculo vicioso. A autoestima tanto condiciona o sucesso, como é condicionada por ele.

      Eis a frase corrigida: “Diz-se que para ter sucesso é preciso ter autoestima, assim como para gostar de si mesmo é necessário ser bem-sucedido.”

domingo, 20 de dezembro de 2015

Informalidade e falha lógica

“O computador apresenta aspectos positivos e negativos. Ele pode te ajudar ou ser como uma droga. Cabe a você escolher certo o tipo de heroína que você quer que ele seja.” (Redação de aluno)

         A dissertação argumentativa pede uma linguagem sóbria e objetiva. Na passagem acima o uso dos pronomes “te” e “você” constitui um recurso informal, que não se ajusta a esse tipo de texto. Além do problema quanto ao registro, ocorre na referida passagem uma falha lógica: o aluno apresenta duas alternativas que se excluem (entre ajudar e viciar), mas ao citar “heroína” no segundo período considera apenas a possibilidade do vício.

       Eis o texto corrigido: “O computador apresenta aspectos positivos e negativos. Ele pode ajudar ou ser como uma droga. Cabe à pessoa escolher o que quer que ele seja.”

domingo, 13 de dezembro de 2015

Cuidado com o "frankenstein" linguístico

“Os estudos afirmando que as mulheres menos dependentes são mais desejadas, certamente foi analisado por homens de mentes arcaicas e machistas. (Redação de aluno)

Na passagem acima, um pequeno frankenstein linguístico,  há problemas de gramática, pontuação, semântica e, sobretudo, coerência. Comecemos pelo último, que é o mais grave. A ideia de que as mulheres menos dependentes são mais desejadas não se coaduna com a mentalidade machista, que prega justamente a submissão da mulher. O lógico é que os machistas considerem as mais independentes menos desejadas.
A falha gramatical é de concordância, pois o sujeito “os estudos” determina verbo no plural. Quanto à pontuação, não se separa o sujeito do predicado, daí ser errado usar vírgula após “desejadas”. A falha semântica, por fim, consiste no uso do verbo “analisar” em vez, por exemplo, do verbo “fazer”

        Eis a frase corrigida: “Os estudos afirmando que as mulheres mais independentes são menos desejadas certamente foram feitos por homens de mentes arcaicas e machistas.”

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Falta de ordem pode gerar incoerência

“Como se não bastasse, a falta de consciência da população, dita como um recurso inesgotável, problematiza a escassez de água.” (Redação de aluno)

A falta de ordem pode gerar incoerência textual. É o que ocorre na passagem acima, onde o aluno dá a entender que “um recurso inesgotável” se refere à falta de consciência da população, e não à água. Além disso ele comete imprecisão vocabular, usando “dita” (particípio do verbo “dizer”) em vem vez de “tida” (particípio do verbo “ter”).

          Eis a frase corrigida: “Como se não bastasse, a falta de consciência da população problematiza a escassez de água, tida como um recurso inesgotável.”

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Flexão verbal

“Seria sensato recorrer a cirurgias plásticas apenas em casos em que a saúde está em jogo.” (Redação de aluno)

É preciso, na redação, correlacionar adequadamente os modos e tempos verbais. O autor da frase acima não observou isso. Iniciou-a com o futuro do pretérito (Seria), que indica condição, mas não adaptou o verbo da oração adjetiva a esse contexto condicional.
O futuro do pretérito se correlaciona com o imperfeito do subjuntivo. Por exemplo: “O aluno passaria se estudasse mais”. Geralmente se quebra essa correspondência levando o verbo da oração subordinada para o presente do indicativo (O aluno passaria se estuda mais) ou para o futuro do subjuntivo (O aluno passaria se estudar mais.

Eis a frase corrigida: “Seria sensato recorrer a cirurgias plásticas apenas em casos em que a saúde estivesse em jogo.”