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sábado, 6 de dezembro de 2014

Evite o excesso de pronomes

     “Dependendo do nível de timidez, ela pode ou não se tornar um obstáculo.” “O homem que lutar por suas aspirações, este viverá uma vida farta e fará bem para si e  para a sociedade.” (Redações de alunos)

         Escrever é cortar. Esse princípio não foi observado nas passagens acima, em que há um excesso provocado pelo uso, respectivamente, de pronome pessoal e demonstrativo.
        O motivo, no primeiro caso, é a indicação do sintagma “nível de timidez”, em que a explicitação do determinante faz com que “timidez” seja redundantemente repetido pelo pronome “ela”.
      No segundo, o motivo é a topicalização, muito comum na linguagem oral (“O diretor, ele disse que amanhã não haveria aula”). O termo “o homem” (seguido da oração adjetiva) aparece como tópico, separado por vírgula do restante do período. Em decorrência disso, é retomado pleonasticamente pelo pronome “este”.

        Eis as frases corrigidas: “Dependendo do nível, a timidez pode ou não se tornar um obstáculo.” “O homem que lutar por suas aspirações viverá uma vida farta e fará bem para si e para a sociedade.”

"tolerante a" e "tolerante com"

     “É normal que a sociedade seja mais tolerante a certos vícios que a outros, pois há dependências menos mal que outras.” (Redação de aluno)

      Na passagem acima há um problema de regência nominal. Quando o assunto é vício ligado a drogas, costuma-se distinguir “tolerante a” de “tolerante com”. A “tolerância (ou intolerância) a” diz respeito à possibilidade de o usuário suportar ou não os efeitos da substância. Já a “tolerância com” se refere ao juízo moral que se faz do seu uso. Ser tolerante com as drogas é não recriminar o usuário. Existe ainda nessa passagem um problema morfológico. O aluno usou o advérbio mal em vez do adjetivo maléfico.

      Eis a frase corrigida: “É normal que a sociedade que a sociedade seja mais tolerante com certos vícios que com outros, pois há dependências menos maléficas que outras.”

Observe a pontuação e a coesão textual

“É comum estar inserido em um grupo de amigos, que são pessoas que passam a maior parte do tempo juntas, sendo assim suas ações influenciam uns aos outros atingindo uma uniformidade.” (Redação de aluno)

       Na passagem acima há problema de pontuação e coesão textual. Antes de “sendo assim” cabe ponto e vírgula, ou mesmo ponto; a vírgula, que indica uma pausa de pequena extensão, liga termos de idêntica função sintática. No fragmento do aluno há uma pausa de grande extensão antes do enunciado conclusivo.

         A falha coesiva está em apresentar “uns aos outros” como complemento do verbo influenciar. Isso gera um truncamento que se reflete inclusive na concordância: “suas ações” (feminino) é retomada por uma expressão no masculino (uns aos outros). Também o uso do gerúndio (atingindo) constitui falha de coesão, pois o sujeito dessa forma nominal não pode ser, como o estudante sugere, “suas ações”. O sujeito é, na verdade, todo o conteúdo da oração anterior.

        Eis a frase corrigida: “É comum querer se inserir em um grupo de amigos. Eles passam a maior parte do tempo juntos; sendo assim, as ações de uns influenciam as dos outros, o que leva a uma uniformidade de comportamento.”